Eles se conhecem há mais de uma década. Em 1998 os três ingressaram na universidade e engataram uma amizade. Todos no curso de Artes Cênicas. Surgia ali uma vontade latente de fazer um trabalho conjunto. Como a vida segue seu curso, as montagens com a participação dos três amigos ficaram restritas ao universo acadêmico. E, cada um a seu tempo, concluiu a graduação e seguiu carreira pelos palcos afora.
A reaproximação dos amigos Kléber Lourenço, Jorge de Paula e Irandhir Santos só foi possível há cerca de dois anos, quando criaram o Visível Núcleo de Criação. O grupo já nasceu com o objetivo de fazer diferente. Como carro-chefe para esse desafio, os atores começaram a desenvolver a dramaturgia de um espetáculo intitulado “Daquilo que Move o Mundo”. O nome não poderia ser melhor para exemplificar as aspirações dos três atores. “Queremos investigar as relações das pessoas com a Cidade. Com a urbanidade. Intervir diretamente com a população”, explica Kléber.
Para tal, os atores mergulharam num processo de pesquisa e de composição de seus personagens. Lula (Kléber Lourenço), Corre-rios (Jorge de Paula) e Combogó (Irandhir Santos) começaram a ganhar forma e então a conduzir a história. O dramaturgo Felipe Botelho, além dos diretores Francisco Medeiros e Tiche Vianna completam o time e colaboram constantemente - a distância, pois ambos moram em São Paulo - com trabalho de pesquisa que o Visível tem desenvolvido. “Em setembro do ano passado, os diretores vieram ao Recife, e tivemos a oportunidade de apresentar esses personagens para a Tiche e o Chico. Com isso, eles puderam nos dar novos encaminhamentos para pesquisa. É um processo que exige tempo”, disse Jorge.
Do Rio de Janeiro, em entrevista por telefone, - onde grava o longa “Tropa de Elite 2” - Irandhir fez questão de destacar a importância do projeto e o porquê do seu envolvimento. “Essa é a oportunidade que venho esperando há quatro anos para fazer o meu retorno ao teatro. Esse tempo pesa bastante e sinto muita falta dos palcos. Se existe algo que me move nesse projeto é a história, e o fato de poder trabalhar com meus amigos”, destacou o ator que nos últimos anos tem se dedicado com mais frequência ao cinema.
Este, diga-se de passagem, é um dos motivos que tem estendido o cronograma de estreia do espetáculo. “O grupo é sobretudo um grupo de amizade. Isso nos ajuda a conseguir conciliar o fato dos três terem carreiras individuais bem consolidadas. Trabalhamos juntos porque acreditamos no projeto e queremos tornar o Visível um grupo de estudo permanente das artes cênicas. É um desejo comum”, afirma Kléber.
* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 25/01/2010

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