sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A hora e a vez dos “naturebas”

Os chamados “produtos do bem” utilizam ativos vegetais e não fazem teste em animais, mas qual será a diferença no final?

Em um mundo cada vez mais preo­cu­pa­do com cons­ciên­cia am­bien­tal, nem mes­mo os cos­mé­ti­cos es­ca­pam da mis­são ati­vis­ta de ser um “po­li­ti­ca­men­te cor­re­to”. Consumi­doras se­den­tas por no­vi­da­des, pro­cu­ram pro­du­tos que além de tra­ze­rem be­ne­fí­cio para be­le­za, sejam tam­bém na­tu­rais, res­pei­tem o meio am­bien­te, e que sejam pro­du­zi­dos por em­pre­sas socio, e eco­lo­gi­ca­men­te, res­pon­sá­veis.

No mer­ca­do, as op­ções são mui­tas. As mar­cas in­ves­tem no filão. Natura, Granado, Phytoervas, The Body Shop, são exem­plos que re­no­vam a cada ano suas li­nhas de pro­du­tos, sem­pre com base em ati­vos mi­ne­rais, ou ve­ge­tais. Além disso, a forma como esses agen­tes serão ex­traí­das da na­tu­re­za tam­bém são uma preo­cu­pa­ção cons­tan­te.

A “The Body Shop” - em­pre­sa in­gle­sa fun­da­da por Anita Roddick - foi uma das pri­mei­ras mar­cas a apre­sen­tar ao mundo o con­cei­to de cos­mé­ti­co na­tu­ral. Na prá­ti­ca, porém, os cos­mé­ti­cos se­guem a linha das mar­cas tra­di­cio­nais, com uma pi­ta­da de in­gre­dien­te na­tu­ral ape­nas para cons­tar no ró­tu­lo. Entre­tanto a em­pre­sa man­tém até hoje uma forte mi­li­tân­cia pela de­fe­sa dos ani­mais, bem co­mo pelas cau­sas so­ciais e am­bien­tais

Nacional, a Natura pos­sui uma linha de ma­quia­gem que subs­ti­tui in­su­mos tra­di­cio­nais de ori­gem mi­ne­ral, pelos ve­ge­tais, uti­li­zan­do fon­tes re­no­vá­veis de ma­té­rias-pri­mas e con­tri­buin­do para a re­du­ção do im­pac­to pro­du­tos no meio am­bien­te. Além disso, a em­pre­sa tra­ba­lha com uma po­lí­ti­ca de pro­du­tos com refis, ati­tu­de que di­mi­nui o con­su­mo de re­cur­sos na­tu­rais na pro­du­ção de em­ba­la­gens e con­tri­bui com o con­cei­to eco­lo­gi­ca­men­te sus­ten­tá­vel dos 3Rs - re­du­ção, reu­ti­li­za­ção e re­ci­cla­gem. Além de ser uma opção mais eco­nô­mi­ca, o refil con­so­me em média 20% menos re­cur­sos na­tu­rais do que a em­ba­la­gem re­gu­lar.

Porém, dian­te de tan­tas pro­mes­sas e atua­ções en­ga­ja­das. A es­co­lha dos cos­mé­ti­cos, deve sem­pre ser am­pa­ra­da na opi­nião de pro­fis­sio­nais. A es­pe­cia­lis­ta em me­di­ci­na es­té­ti­ca, Juliana Erthal, faz um aler­ta. “O cui­da­do das pes­soas não tem que estar ape­nas li­ga­do ao fato do pro­du­to ter uma subs­tân­cia de ori­gem ve­ge­tal, ou não. Esse as­pec­to não sig­ni­fi­ca que ela é to­tal­men­te na­tu­ral. É im­por­tan­te lem­brar que o pro­du­to pas­sou por um pro­ces­so de in­dus­tria­li­za­ção. Algumas pes­soas podem ter uma ideia equi­vo­ca­da a esse res­pei­to.

Juliana afir­ma que al­gu­mas subs­tân­cias de ori­gem ve­ge­tal, de fato têm ação com­pro­va­da. Como o caso dos óleos de se­men­te de uva, que é muito uti­li­za­do em pro­du­tos para a hi­dra­ta­ção da pele. As­sim como a an­di­ro­ba, o cu­pua­çu e ou­tras ati­vos re­ti­ra­dos da Amazônia. “É im­por­tan­te saber que pelo fato do pro­du­to ser na­tu­ral, ele não possa cau­sar ir­ri­ta­ção ou rea­ção alér­gi­ca. Uma de­ter­mi­na­da “subs­tân­cia X”, pode ser na­tu­ral, e por con­ta da for­mu­la­ção, ou da ma­ni­pu­la­ção, cau­sar algum tipo de rea­ção”, com­ple­ta a mé­di­ca.

Para não cor­rer ris­cos, o ideal é que antes de usar qual­quer tipo de cos­mé­ti­co, cre­me ou pro­du­to de be­le­za, seja ele na­tu­re­bas, ou não, a pes­soa deve sem­pre pro­cu­rar um mé­di­co es­pe­cia­lis­ta em der­ma­to­lo­gia e me­di­ci­na es­té­ti­ca, para que esse pro­fis­sio­nal possa ava­liar o tipo de pro­du­to mais ade­qua­do para cada de­ter­mi­na­do tipo de pele. “Os pro­du­tos das cha­ma­das li­nhas de cos­mé­ti­cos podem ser uti­li­za­dos. Porém, eles não estão em­ba­sa­dos em pes­qui­sas cien­ti­fi­ca­men­te com­pro­va­das. Por isso, na maio­ria das vezes, essas não são as pri­mei­ras es­co­lhas dos mé­di­cos”.

* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 24/01/2010

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