Por Amanda Sena
Sérgio Bernardo
“Uma pirueta, duas piruetas. Bravo, bravo!” Em cena, os meninos e meninas que encontraram na arte circense mais do que uma paixão, uma perspectiva de futuro. Os versos de Chico Buarque ajudam a ilustrar a rotina de aulas e treinamentos que envolvem os jovens que fazem parte da Organização não Governamental (ONG) Escola Pernambucana de Circo. Criada em 1996, a EPC começou a traçar sua história junto a comunidade do Brum, no bairro do Recife. Na formação das crianças, aulas de acrobacias de solo e aéreas, pirofagia, malabares, trapézio e todas as outras técnicas que permeiam o universo do picadeiro. Porém, os educadores da ONG têm uma preocupação que vai além das técnicas: a formação pedagógica e social dos alunos.Alcançar esse objetivo não foi tarefa fácil. Entre os anos de 1998 e 2000, a escola perdeu seu espaço no bairro do Recife e se tornou uma “trupe mambembe”. Somente depois desses dois anos o grupo conseguiu a partir de uma de uma doação, reformar um espaço cedido pela associação dos moradores do Buriti, comunidade localizada no bairro da Macaxeira, que passou a funcionar como espaço para as aulas. No ano passado, a ONG recebeu mais uma doação e concretizou o sonho de ter uma sede própria com os formatos adequados para os treinamentos acrobáticos. Batizada de ‘Centro Circo da Juventude’ o espaço atende hoje cerca de 100 crianças e adolescentes que estudam em escolas municipais do entorno e também da comunidade do Brum. “ Atendemos crianças a partir dos seis anos, sem limite de idade. Eles acabam percebendo o momento de seguir com a arte, ou deixá-la. O projeto não é específico para quem quer ser artista circense. É um projeto de formação social”, explicou o educador da EPC, Blau Lima.
“Trabalhamos com um processo de educação humana. Queremos fomentar o pensamento crítico e reflexivo dessas crianças através da arte. Queremos dar voz a essas crianças”, disse a coordenadora geral da ONG, Fátima Pontes. E é a voz dessa juventude que reverbera durante todo processo, para isso o projeto também é coordenado pelos jovens Cleiton Orman, de 22 anos, e Suenne Sotero, de 20. “ O espaço tem uma linguagem jovem e escuta o que os jovens querem”, completou Fátima.
Para os jovens que pretendem seguir a carreira no circo, a escola já formou a própria trupe composta por ex-alunos que se tornaram educadores. A “Trupe Circus” já montou seis espetáculos e, recentemente, estreou o mais novo número intitulado de “Ilusão - Um ensaio melodramático circense”. O primeiro em sede própria. Para jovens como Felipe Nascimento, a trupe é uma esperança de futuro. “ Sonho em virar artista de circo, ter o meu próprio tecido e me desenvolver na arte”, disse Felipe, que treina diariamente o tecido acrobático, que é praticado em um tecido duplo onde o artista faz os movimentos suspenso.
* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 23/03/2009

Esse cara sou EU ^^
ResponderExcluirDepois de anos achei essa materia :D
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