quarta-feira, 6 de maio de 2009

Competição de curtas com balanço positivo

Marcos Pastich
AMANDA SENA

Os últimos dois dias de exibições das mostras competitivas de curtas metragem reservaram para o público do Cine-PE a cereja do bolo, aliás, as cerejas. O quinto dia de exibições teve um dos programas de curtas mais coesos e de boa qualidade do Festival. A única exceção da noite foi a animação carioca em 35mm, “Juro Que Vi: O Saci”, de Humberto Avelar, que apesar de tecnicamente bem executada, destoou do contexto geral dos outros filmes que trouxeram ao público - em sua maioria - um exercício reflexivo sobre as dificuldades de se encaixar em uma sociedade repleta de estigmas e padrões.

Os curtas digitais fizeram um prenúncio do que estava por vir: a animação “O Anão que Virou Gigante”, de Marão; e o documentário “Quem será Katlyn?”, de Cauê Nunes. Revelaram como as diferenças de tamanho, de peso, ou mesmo de gênero podem tornar-se um obstáculo de inclusão social.

Na sequência, dois curtas em 35mm, em particular, roubaram as atenções da noite. “Nº 27”, do pernambucano Marcelo Lordello, e o paulista “Eu e Crocodilos”, de Marcela Arantes, que foi o único representante brasileiro no Festival de Sundance desse ano, têm como temática comum aos seus roteiros as dificuldades de aceitação encontradas por adolescentes que vivem uma fase de transição e descobertas.

SÁBADO

O sexto, e último dia, de exibição de curtas do Cine-PE ficou marcado pelo brilho de dois filmes em formato digital. O aguardado, e premiado, “Pelo Ouvido”, de Joaquim Haickel, arrebatou o público pela sensibilidade do roteiro e da trilha sonora. No filme, Katie precisa ouvir, mas Charlie - privado de seus sentidos após um grave acidente - não pode falar.

Não menos aguardado, o documentário “Abril pro Rock - Fora do Eixo”, dos pernambucanos, Everson Teixeira, Ricardo Almoêdo e Júlio Neto arrancou aplausos fervorosos de uma plateia reconhecidamente bairrista. Contando a história dos 16 anos de um dos principais festivais de música independente do Brasil, os diretores conseguiram traçar um perfil do tamanho da importância do “APR” para a música do Estado.

A última noite ainda exibiu quatro curtas em 35mm.“ Dez Elefantes”, Eva Randolph; a belíssima animação “Silêncio e Sombras”, de Murilo Hauser; o documentário “Phedra”, de Claudia Priscilla; e “Hóspedes”, de Cristiane Oliveira.

* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 04/05/2009

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