terça-feira, 19 de maio de 2009

A ditadura da beleza em xeque

Em uma semana o recifense conheceu dois universos distintos tratando de neuroses semelhantes mas antagônicas. Na terça-feira (12), o espetáculo Hysteria, do Grupo XIX de Teatro, emocionou ao mostrar mulheres que se tornaram histéricas, por sentirem em demasia. No final de semana, “Geraldas e Avencas”, do Grupo de Dança 1° Ato, apresentou mulheres (e homens) que chegaram à histeria por serem superficiais.

Até onde a busca pela perfeição plástica nos leva? A questão surge já na primeira cena, quando Marcela Rosa repete o seu perturbado e mecânico: “Boa noite. Sejam bem vindos.É um prazer tê-los aqui”, numa analogia a necessidade das pessoas em agradar para serem aceitas. Cada número apresentado consegue envolver a platéia, num misto de identificação e rejeição, com a ditadura da beleza. Da mulher que quer ser o pôster da revista ao solo da bailarina sem rosto.

Além de instigar no público uma reflexão acerca dessa padronização, “Geraldas...” também tem momentos plasticamente belos: como o dueto da cena de amor e a ciranda final. A luz do espetáculo também é parte atuante na narrativa. Bem como a vídeo-arte, assinada por Tatu Guerra e Chico de Paula, que, entre outras projeções, expuseram a beleza de rugas e cicatrizes marcadas na pele. O espetáculo é coroado com a trilha sonora brilhante de Zeca Baleiro, que em meio a pérolas como “Turbinada”, também criou faixas instrumentais em ritmos diversos.

* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 18/05/2009

Um comentário:

  1. Não diga que deu cara nova, apenas roupa nova... Um vestido novo, um batom diferente, um sapato mais moderno...
    Mas por trás de tudo isso a mesma carinha de sempre: a sua!
    É por ela que frequentamos esse espaço!

    bjs, te adoro e sou sua fã!!!

    Mona

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