O Teatro de Santa Isabel, um dos mais importantes patrimônios histórico-culturais da cidade, está sob nova direção desde a última quarta-feira. Recém chegada na casa, a atriz e produtora teatral Simone Figueiredo não esconde o entusiasmo em assumir a gestão do teatro o qual, por tantos anos, teve como sua própria casa.Mal chegou, e já cuidou de fazer um giro pelo prédio para checar pessoalmente cada detalhe e verificar o que precisa ser feito. Em seu primeiro dia como diretora do teatro, Simone foi recepcionada pelo Secretário de Cultura da cidade, Renato L, em uma reunião de boas vindas que serviu para apresentá-la à parte de sua equipe.
“Ainda estou tomando pé de toda situação, em dois dias de trabalho posso dizer que já estou a par de 80% do trabalho”, disse Simone. É claro que tudo ainda está muito no começo, mas os planos e as sugestões para futuras ações no teatro já estão fervilhando na cabeça da diretora. “Temos que tratar a programação do Santa Isabel com todas as especificidades que um teatro monumento precisa ter”, diz Simone lembrando o fato do Santa Isabel ser um dos 14 teatros monumento do País, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
O desafio é grande e, para encará-lo, Simone conta com uma equipe veterana de 61 funcionários. “São pessoas que estão aqui há mais de 30 anos e que devem ser ouvidas porque têm um amor muito grande pelo teatro e sabem o que é melhor para ele”, diz Simone, que na sexta-feira teve uma nova reunião, dessa vez para conversar com a equipe completa. Entre alguns destes funcionários estão Fernando Felipe e Ariel Venecas, responsáveis pela parte de revitalização e conservação do patrimônio material do teatro. Ambos trabalham no Santa Isabel desde que o prédio passou por sua última restauração, em 2000, e destacam a importância da manutenção desse trabalho. “Devido à movimentação que é muito grande, nosso acervo requer um cuidado constante. É preciso fazer um trabalho que tenha continuidade”, diz Fernando.
A conservação do local, aliás, é um dos aspectos que Simone pretende abordar em sua gestão. “Vamos trabalhar a questão da educação patrimonial, que é fundamental para a preservação do patrimônio”, explica a diretora. Para isso, a ideia é desenvolver um projeto de visitas guiadas para escolas e turistas em geral, de maneira que possa ser feito desde de cedo um trabalho de conscientização de gerações futuras.
Por enquanto, nada está confirmado ainda. Mas por certo, as estratégias de viabilização desses projetos deverão ser discutidas em conjunto com o secretário de cultura e com os diretores de todos os equipamentos culturais do município (entre eles, Cira Ramos, que recentemente assumiu a direção do teatro Barreto Júnior), de forma que se possa desenvolver um trabalho conjunto no âmbito das artes cênicas no Recife.
Quem é a atual diretora?
Foto:Arthur Mota
Simone Figueiredo formou-se em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Pernambuco e tem especialização em Gestão Pública. Ao longo de mais de 25 anos de carreira como funcionária pública sempre desempenhou atividades diretamente relacionadas à área de cultura. Já esteve à frente da organização do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), foi programadora da Casa da Cultura, e diretora de Ações da Fundarpe. Como assessora especial de Ariano Suassuna, ficou um ano na direção do Teatro Arraial.Na Fundação de Cultura Cidade do Recife, ocupou os cargos de presidente, assessora especial e diretora de Ação Cultural. O último posto ocupado por Simone foi de assessora técnica de cultura do Complexo Turístico Cultural Recife-Olinda, função que exerceu até o mês passado.
Além da carreira pública, Simone também atua como produtora cultural à frente da Ilusionistas Corporações Artísticas, empresa que preside, e que completou 25 anos de fundação este ano, comemorados com a mostra teatral “Universo Antunes Filho”. Como atriz, Simone teve experiências no teatro e também no cinema, mas a carreira nos palcos acabou ficando em segundo plano. Seu último trabalho com atriz foi em 2006, uma participação no curta metragem “Incenso”, de Marco Hanois.
* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 06/07/2009

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