Para conseguir tal façanha, sem que ninguém sinta-se realmente “insultado”, Bastos - que ganhou projeção nacional como um dos apresentadores do programa Custe o Que Custas (CQC), da rede Bandeirantes - começa o show fazendo graça de sua própria condição. Gaúcho e judeu, as piadas sobre circuncisão e a opção sexual dos seus conterrâneos são inevitáveis. A estratégia acaba aproximando o humorista do público, que seguem o espetáculo em sintonia, como se fosse, na verdade, uma conversa - que é de fato a característica desse tipo de espetáculo.
Conhecido pelo humor ácido e irritadiço (bastante parecido com o tipo de humor contido nos textos da apresentadora e roteirista Fernanda Young), até sua falta de tolerância para alguns assuntos viram motivo de piada. Seja a falta de paciência com as filas preferênciais no banco, a indisponibilidade para acordar cedo, ou até mesmo a aversão a fotografia durante o show - que o diga o fotografo desse jornal, que acabou ganhando uma sentada no colo do artista - acabam tornado-se temas do espetáculo, e graças ao carisma de Rafinha.
Ao final da apresentação o saldo foi bastante positivo, ainda que alguns fãs tenham saído um pouco desapontados. “Senti falta de críticas mais políticas, que são bem característica dele no CQC. Mas ainda assim gostei bastante do show” comentou a empresária, Joana Halley. Em resumo, “A arte do insulto” acaba sendo um programa bastante agradável para um final de domingo, isso se você não tiver nascido em Rondônia. Esses sim, talvez tenham sido “insultados”.
* A matéria foi capa e publicada no caderno "Geral" da Folha de Pernambuco de 20/07/2009

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