Já parou para pensar que sempre que queremos citar um exemplo de beleza arquitetônica fazemos menção a prédios antigos? Um erro recorrente, e que é usualmente repetido por pessoas em diversas áreas, é excluir a arquitetura do ramo das expressões artísticas, como se a mesma não representasse o mais puro significado de arte. Principalmente no que diz respeito à arquitetura contemporânea.
Porém, tanto quanto os estilos de outrora, os projetos modernos e pós-modernos também possuem o seu charme e estão carregados de significado e inspiração de seus projetistas. O fenômeno de incompreensão da arquitetura como representação artística começou a acontecer durante o Movimento Moderno. Prédios que antes eram repletos de ornamentos, a partir do século XX começaram a perder essa característica em função do paradigma “forma x função”. “Influenciados pelas artes plásticas, os arquitetos começaram a pensar projetos mais simples que tinham base na composição de volumes e cores, não mais na ornamentação”, destaca o Doutor em Teoria e História da Arquitetura pela Universidade da Cataluña, e professor da UFPE, Maurício Rocha.
De acordo com o professor, a arquitetura é uma arte cara, feita para ser vista e usada. Por esse motivo, durante o período das duas grandes guerras mundiais, uma de suas principais características - a ornamentação - foi abandonada pela necessidade de se reconstruir cidades inteiras de forma rápida e barata. “A perda do ornamento foi uma questão de ordem prática”, lembra Rocha.
Para entendemos melhor esse processo podemos traçar uma linha do tempo de edificações. No Recife, três construções servem como bom exemplo de fachadas ornamentadas. A igreja de São Pedro dos Clérigos (XVIII) tem características do Barroco, enquanto que o Teatro de Santa Isabel (XIX) apresenta características do Historicismo Neoclássico. O prédio do Palácio da Justiça (primeira metade do séc. XX) é caracterizado como um edifício eclético, que possui características de vários estilos, chegando ao máximo de ornamentalidade em um único espaço. A partir daí, os projetos começaram a seguir a tendência mundial trazida pelo Movimento Moderno, linhas mais retas e funcionais ditavam um estilo, que pode ser muito bem representado pelo edifício Acaiaca, na Avenida Boa Viagem.
Entre os projetos mais recentes, o Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano (Joana Bezerra), pode representar alguns indícios do Pós-Modernismo na paisagem da cidade. Com uma estrutura menos rígida, a construção já permite a volta do ornamento. “Ainda temos pouquíssimos exemplos pós-modernistas pelo preconceito em torno do ornamento que foi criado pelo movimento moderno. No sul e sudeste já é mais comum encontramos a presença do adorno em correntes que podemos chamar de “retrô”, explica o professor. “O mais importante é entendermos que sempre que mudam os paradigmas as pessoas acreditam que a arte acabou, mas o que acontece é que a arte se adapta. Cada tempo tem sua arte, e ela representa o estilo de seu próprio tempo”.
* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 20/09/2009
Porém, tanto quanto os estilos de outrora, os projetos modernos e pós-modernos também possuem o seu charme e estão carregados de significado e inspiração de seus projetistas. O fenômeno de incompreensão da arquitetura como representação artística começou a acontecer durante o Movimento Moderno. Prédios que antes eram repletos de ornamentos, a partir do século XX começaram a perder essa característica em função do paradigma “forma x função”. “Influenciados pelas artes plásticas, os arquitetos começaram a pensar projetos mais simples que tinham base na composição de volumes e cores, não mais na ornamentação”, destaca o Doutor em Teoria e História da Arquitetura pela Universidade da Cataluña, e professor da UFPE, Maurício Rocha.
De acordo com o professor, a arquitetura é uma arte cara, feita para ser vista e usada. Por esse motivo, durante o período das duas grandes guerras mundiais, uma de suas principais características - a ornamentação - foi abandonada pela necessidade de se reconstruir cidades inteiras de forma rápida e barata. “A perda do ornamento foi uma questão de ordem prática”, lembra Rocha.
Para entendemos melhor esse processo podemos traçar uma linha do tempo de edificações. No Recife, três construções servem como bom exemplo de fachadas ornamentadas. A igreja de São Pedro dos Clérigos (XVIII) tem características do Barroco, enquanto que o Teatro de Santa Isabel (XIX) apresenta características do Historicismo Neoclássico. O prédio do Palácio da Justiça (primeira metade do séc. XX) é caracterizado como um edifício eclético, que possui características de vários estilos, chegando ao máximo de ornamentalidade em um único espaço. A partir daí, os projetos começaram a seguir a tendência mundial trazida pelo Movimento Moderno, linhas mais retas e funcionais ditavam um estilo, que pode ser muito bem representado pelo edifício Acaiaca, na Avenida Boa Viagem.
Entre os projetos mais recentes, o Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano (Joana Bezerra), pode representar alguns indícios do Pós-Modernismo na paisagem da cidade. Com uma estrutura menos rígida, a construção já permite a volta do ornamento. “Ainda temos pouquíssimos exemplos pós-modernistas pelo preconceito em torno do ornamento que foi criado pelo movimento moderno. No sul e sudeste já é mais comum encontramos a presença do adorno em correntes que podemos chamar de “retrô”, explica o professor. “O mais importante é entendermos que sempre que mudam os paradigmas as pessoas acreditam que a arte acabou, mas o que acontece é que a arte se adapta. Cada tempo tem sua arte, e ela representa o estilo de seu próprio tempo”.
* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 20/09/2009

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