Se existe um mérito para o novo filme do diretor Robert Luketic, “A verdade nua e crua” (The Ugly Truth, EUA, 2009), é o fato da narrativa de uma comédia romântica ser construída sob a perspectiva masculina de relacionamentos. Fato pouco visto em filmes do gênero. Apesar de ter uma mulher como protagonista da história - a produtora de TV obsessiva, controladora e solitária, Abby Richter, vivida pela atriz Katherine Heigl - a verdade que Luketic pretende expor são as mais profundas aspirações dos “machões” de plantão.O problema é que para cumprir seu objetivo o diretor pesa na mão, e exagera na dose de “clichês” para retratar o universo dos machos alfas. Mike Chadway, interpretado por um dos atuais queridinhos de Hollywood, Gerard Butler, é o apresentador de um programa sobre relacionamentos especializado em dar conselhos para mulheres desesperadas, dispostas a aceitar qualquer tipo de opinião machista para conquistar um namorado. Depois de um embate com uma telespectadora revoltada, a própria Abby Richter, Mike é convidado a trabalhar na emissora de Abby, que passa a ser sua produtora. A missão de ambos: elevar os índices de audiência às custas dos conselhos de Mike. Ou seja, às custas de muita baixaria. Em paralelo, Mike também tem a missão de ajudar Abby a conquistar Colin (Eric Winter) A partir daí, o filme segue uma receita de bolo tão precisa que chega a ser tediosa. E claro que os dois vão acabar se apaixonando.
É bem verdade que alguns momentos rendem boas risadas, como a cena em que Abby usa uma calcinha com vibrador durante uma reunião de negócios. Mas apesar dos poucos momentos bem sucedidos, a fórmula usada é a mesma conhecida por todos. A ideia inicial de expor o “lado b” da relação acaba sendo descaracterizada, os personagens perdem seus traços mais extremados (que eram os mais interessantes), e tornam-se iguais a diversos outros já bastante íntimos do público. Reafirmando o conceito desgastado de que nesse gênero de filme, o que mais vale é deixar o espectador livre de surpresas.
* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 18/09/2009

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