sábado, 10 de outubro de 2009

Todas as expressões de um novo circo

Festival dá início a uma programação de 10 dias com atrações do Brasil e da França

Está dada a largada para quinta edição do Festival de Circo do Brasil, que promete movimentar a cidade pelos próximos 10 dias. Quem estiver passando hoje pelo centro da cidade por volta das 11h30 vai perceber uma movimentação diferente nas paredes dos prédios da Avenida Conde da Boa Vista. A trupe paulista Acrobático Fratelli é a primeira atração a se apresentar dentro da vasta programação que o Festival vai oferecer (ver matéria página cinco). Não muito distante dali, logo mais à noite, o teatro de Santa Isabel recebe a partir das 21h, a abertura oficial do evento que terá o carioca João Artigo, da Cia. Teatro de Anônimo, como mestre de cerimônia. Além de apresentações de espetáculo nacional, e outro de uma companhia francesa, celebrando o ano da França no Brasil, marca desta edição do Festival.

Abrindo os trabalhos no palco, o mineiro Luís Sartori, apresenta o espetáculo ‘Carton’ (papelão em francês). Atualmente morando em Bruxelas, na Bélgica, Sartori tem formação em Belas Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Foi durante o curso em “Artes do Espetáculo e Técnicas de Difusão e de Comunicação” (especialização em artes do circo) pela Ecole Supérieur des Arts du Cirque (ESAC), que o artista teve a oportunidade de aprofundar sua técnica circense. Hoje, Sartori divide seu tempo entre as atividades como malabarista, acrobata, ilustrador, artista gráfico, intérprete e baterista. Apesar da infinita gama de talentos, ele foge do ‘rótulo’ de multiartista. “Me considero um artista e dentro dessa condição tenho a possibilidade de desenvolver diversas técnicas. Estou sempre tentando experimentar, fazer algo diferente”.

Com ‘Carton’ Sartori brinca com as referências ao cotidiano e as surpresas que ele reserva. O público é convidado a entrar em um universo onde os objetos ganham vida, são manipulados e manipulam o próprio artista. “ Tudo começou a partir da única imagem de uma bolinha entrando em cena sem ser tocada, aos poucos essa ideia foi ficando bem maior”. Em um cenário todo feito em papelão, concebido pelo próprio artista, Sartori mistura malabarismo, acrobacia, dança e teatro, confirmando as várias facetas do artista. “O papelão dá ao número um tom mais lúdico que conquista tanto os adultos, quanto as crianças. Isso é interessante porque fiz ‘Carton’ pensando em mim. Fico muito feliz que o espetáculo tenha conseguido tocar públicos tão distintos”, ressaltou Sartori.

Música, Teatro e Circo num só espetáculo

A grande expectativa da noite de abertura do Festival fica por conta da companhia francesa ‘Akoreacro’ que apresenta pela primeira vez no País, na América Latina, o espetáculo “Pfffffff”. Reunindo técnicas tradicionais de números de rua e de picadeiro, com aquilo que existe de mais contemporâneo no circo francês, a companhia promete apresentar ao público recifense um jeito diferente de se fazer circo.

Criada em 2001 por Maxine Sole, Basile Narcy, Clair Aldedaya e Romain Vigier, todos artistas formados por escolas de circo de Estocolmo, Bruxelas e Moscou, a Akoreakro tem “a mistura” como princípio básico da criação de suas apresentações. Em seu novo espetáculo, juntaram-se a quatro músicos e transformaram a montagem numa verdadeira orquestra-circo. A trilha sonora pop de “Pfffffff” reúne ritmos dos mais eruditos, até os mais modernos como hip hop e o beat box (termo referente à percussão vocal usualmente feita pelos cantores de Hip Hop que dá nome ao espetáculo). “ Cada músico tem uma influência especial no espetáculo. Música clássica, tango, música judaica e até o próprio hip hop, cada um trouxe sua própria referência. Usamos a música como forma de trazer a modernidade para o circo”, explicou Sole.

No palco, entre acrobacias, música e números de malabares com instrumentos, o grupo encena duas pequenas histórias. A primeira delas acerca de uma ave que em seu leito de morte, pede a um gato que tome conta de seu ovo. Numa espécie de metáfora sobre as relações humanas. Na segunda história, sete homens disputam a atenção de uma mulher, provando a ela que cada qual tem suas vantagens: mais forte, mais bonito, mais hábil.

* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 08/10/2009

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