Quem nunca assistiu, e vai pela primeira vez, a um espetáculo da Cia, de Dança Deborah Colker, compreende o porquê da coreógrafa ser a primeira brasileira a dirigir uma apresentação dos canadenses do Cique du Soleil. Força e vigor físico são características marcantes do espetáculo “4 por 4”, apresentado no último sábado, para um teatro Guararapes quase lotado. Entretanto, mais do que o domínio de corpo, do qual compartilham as duas companhias, em “4 por 4” o que chama mesmo a atenção é a leveza e precisão dos movimentos, bem como a plasticidade do espetáculo.
Dividido em dois atos, a primeira parte traz para o público três movimentos que propõe ao público um encontro da dança com as artes plásticas. Com 17 pessoas em cena, temos os quadros “Cantos” (baseado em Cildo Meireles), “Mesa” (Chelpa Ferro), “Povinho” (Victor Arruda) que são artistas de tempos e formas diferentes virando dança.
Em “Cantos”, os bailarinos interagem com seis estruturas montadas a partir da obra do artista. A dureza dessas estruturas só é quebrada por uma fresta que existe em uma delas, e permite que os corpos se entrelacem. Em “Mesa” - talvez o mais minimalista dos movimentos - os bailarinos dançam sobre um mesa, com uma tela de fundo verde. É plasticamente interessante, mas coreograficamente repetitivo. “Povinho” é colorido, divertido, despretensioso e simples. Bom ver esse tipo de coreografia brincando com a seriedade da experimentação, a qual se impõe o gênero contemporâneo.
* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 22/03/2010

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