Já reparou como de uns tempos pra cá, todo mundo acha que tem o direito de se meter na vida alheia? Ou melhor, tem o direito de 'xeretar' a vida alheia. É, xeretar. Porque na grande maioria das vezes, as pesquisas na rede em busca de fulano ou cicrano não passam da mais pura e simples curiosidade nossa de cada dia.
Só que me peguei pensando em como os avanços da tecnologia contribuem para a nossa sede de 'intromissão'. Nossas vidas estão expostas online, a um click do mouse, e isso já interfere até nas nossas relações interpessoais.
Explico:
Acabou o namoro?
O primeiro pensamento é...
- Vou tirar as fotos dele do Orkut!
Brigou com o amigo?
- Acho melhor bloquear ele no MSN.
Pensou? Escreveu no blog. Foi pra balada? Está a foto no site. Passou no vestibular? A nota está online. Quer um endereço? É só procurar na lista virtual...
Está tudo lá (na verdade, aqui), publicado na rede mundial, para que quem quiser saber.
A tecnologia trouxe muito benefícios: aproximou distâncias, facilitou muitas vidas, aproximou antigos amigos, fez com que pequenas idéias fossem compartilhadas...
Mas junto com tudo isso a facilidade do acesso às informações fez crescer o nosso espírito bisbilhoteiro. O Brasil é definitivamente um dos mais afetados pela prática. Só no Orkut, site de relacionamento mais popular no País, cerca de 60% dos usuários são brasileiros.
Vale ressaltar que esse número inclui os famosos fakes, perfis fantasmas, usados apenas com o objetivo maior de xeretar.
Fico pensando em como os consultórios dos terapeutas devem estar abarrotados de histórias de relacionamentos acabados, ciúmes descontrolados, amizades abaladas e mais outras mazelas causadas pela intromissão descontrolada.
Será que se a tecnologia não tivesse avançado nada disso teria acontecido? Ou será que sempre foi característica do ser humano olhar pelo buraco da fechadura? E a gora a fechadura ficou bem maior?
O que quer que seja, é importante lembrar também que quem faz uso de todos esses recursos somos nós. Então talvez a tecnologia não seja a grande vilã da história, e sim o uso que as pessoas fazem dela. Tecnologia da Informação, e não da Intromissão. Porque até curiosidade tem que ter limite.