quarta-feira, 27 de maio de 2009

Frustração não tirou o brilho do espetáculo

Foto:Igo Bione
Ana Botafogo não se apresentou em Floresta Amazônica

Um pequeno desentendimento - causado por um erro de impressão nos ingressos (duas pessoas tinham ingressos para as mesmas cadeiras) - acontecia na parte central do teatro Guararapes, quando pelo sistema de som, a plateia recebeu o aviso de que a bailarina, Ana Botafogo, seria substituída por Márcia Jaqueline ontem à noite, na estreia do espetáculo “Floresta Amazônica”, no Recife. A notícia foi recebida com uma vaia pelo público que compareceu ao teatro, em sua maioria, na expectativa de ver em cena um dos maiores ícones do Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Ana Botafogo já estava no Recife, e mesmo com uma pequena contusão no tornozelo se apresentaria sem problemas. Entretanto, a bailarina apresentou um quadro de febre na noite da segunda-feira e a equipe preferiu mantê-la em repouso. “Decidimos que era melhor que Ana voltasse ao Rio para descansar. Para casos como esse, sempre estamos preparados para substituir os bailarinos”, disse o diretor do corpo de baile do Municipal, Hélio Bejani.

Todos os contratempos, porém, não comprometeram o brilho do espetáculo. O cenário majestoso envolvia a plateia num misto de luzes e sons da floresta. Homenageando os 50 anos da morte do compositor Heitor Villa-Lobos, o Ballet impressiona pelo vigor técnico dos bailarinos e pelo trabalho primoroso de figurino e cenografia.

“Floresta Amazônica” impressionou também os quase 800 alunos da rede Estadual de ensino que assistiram à apresentação a convite da organização do evento. A partir de uma ação da Secretária de Educação do Rio de Janeiro. “Sempre tive vontade de assistir a um balé. Quando surgiu essa oportunidade não quis perder”, disse Ana Priscila Ribeiro, aluna da escola Argentina Castelo Branco.

* A matéria foi chamada de Capa e publicada no caderno "Geral" da Folha de Pernambuco de 27/05/2009

terça-feira, 26 de maio de 2009

“Floresta Amazônica” faz homenagem a Heitor Villa-Lobos

Um dos mais tradicionais grupos de balé clássico do país chega ao Recife para duas apresentações de sua turnê nacional em homenagem aos 50 anos da morte de Heitor Villa-Lobos. O Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro apresenta o espetáculo “Floresta Amazônica”, hoje (26) e amanhã (27), no teatro Guararapes. Na primeira noite de apresentações “A Deusa da Floresta”, protagonista da montagem, será vivida pela bailarina Ana Botafogo.

Um dos maiores clássicos interpretados pelo corpo de baile do Municipal, “Floresta Amazônica” – de Dalal Achcar – fez sua estreia em 1975. Hoje, 34 anos depois, a história de amor entre o homem branco e a deusa indígena, que tem como pano de fundo um dos maiores tesouros naturais do país, continua emocionando plateias por onde passa. Por esse motivo, o espetáculo foi escolhido pelo grupo para homenagear um dos maiores nomes da música erudita no Brasil, o compositor Heitor Villa-Lobos. A trilha sonora de “Floresta Amazônica” é toda montada a partir de suas composições. Além disso, a turnê também marca as comemorações do centenário do Theatro Municipal.

A montagem conta com 60 bailarinos em cena, e um megacenário que reproduz o ambiente da floresta. A iluminação e as projeções de imagens também proporcionam ao público a experiência de entrar em um universo bastante particular.

Para conhecer um pouco mais desse universo, a Folha de Pernambuco conversou com a bailarina Ana Botafogo, que falou um pouco sobre o espetáculo. Além da experiência de uma vida inteira dedicada ao balé clássico, e os rumos de sua carreira.

Como é trabalhar uma temática “homem branco e índio” através da dança?

A montagem é muito bonita, muito lírica, faz parte do repertório dos clássicos. É uma produção essencialmente nacional, que continua atual porque fala do nosso tesouro que é Amazônia. Esse é um balé que gosto muito de dançar porque tem uma beleza e uma delicadeza que são bastante raras.

Um espetáculo para celebrar duas datas especiais como os 100 anos do Theatro Municipal e 50 anos de Villa-Lobos é uma responsabilidade muito grande. Como você se sente com isso?

Nossa maneira de homenageá-lo foi montando esse espetáculo. Por isso escolhemos essa data redonda, que é sempre mais marcante. Foi uma consciência que o Theatro também estivesse comemorando o centenário. Então encontramos uma maneira de fazer como que o balé pudesse estar sempre viajando e levando o nome do Theatro, já que nesse momento ele está fechado para reforma.
Essa é apenas uma das comemorações. Dia 14 de julho faremos um grande espetáculo em homenagem ao centenário, no Rio de Janeiro, com palco ao ar livre. O Coro e a Orquestra do Theatro também participarão.

Você e o Theatro Municipal são coisas indissociáveis, como se sente com isso?

Fico muito orgulhosa em saber disso. Eu dediquei toda minha vida a minha carreira e ao Theatro. Sou bailarina do Municipal há 28 anos. Me sinto totalmente integrada a essa história, porque a vivi intensamente. Fico muito feliz com essa associação.

Em 2002, você recebeu o prêmio da Ordem de Mérito Cultural, como ativista da dança. Ajudar a divulgar o balé clássico é uma de suas prioridades?

Eu ainda continuo muito envolvida com minha atividade de bailarina. Me apresento sempre com vários espetáculos. Na realidade, não tenho esse foco no dia- a-dia. Mas eu sempre incentivo o balé, e tento levar a imprensa para dar visibilidade a projetos que entendem que é possível se transformar através da dança.

Tento trabalhar dentro das minhas possibilidades. A rotina de treinamentos é bastante puxada. Ensaiamos diariamente das 10h às 16h, além disso também precisamos fazer um treinamento físico como pilates, e outras atividades. É uma vida muito difícil que requer muita dedicação.

Em 2006, você se aventurou na televisão, com um personagem na novela “Páginas da Vida”, de Manoel Carlos. Você tem pretensões como atriz?

A novela foi uma experiência maravilhosa, mas tive que tirar uma licença do Ballet porque as gravações me consumiam muito tempo. No momento eu tenho uma agenda de espetáculos muito grande e minha prioridade é ser bailarina.

Mas já estou envolvida em um projeto com Marília Pêra para abril de 2010. Vou participar da peça “O vórtice”, de Noel Coward. E também vou fazer uma participação especial como uma bailarina na próxima novela de Manoel Carlos, “Viver a Vida”.

O que é preciso ter para ser uma boa bailarina, talento sobrevive sem técnica?

Talento sem técnica e determinação, não conseguem vencer em nada na vida. O jovem pode ter talento, mas tem que ter disciplina e disposição para tentar superar suas dificuldades e conseguir torna-se profissional respeitável. É preciso saber abdicar de muitas coisas prol do treinamento.


segunda-feira, 25 de maio de 2009

Realizações de consumo

Vale tudo para deixar a casa do jeitinho que você sempre sonhou

Uma adega na sala. Um quarto com motivos temáticos. Uma banheira. Sonhos ou delírios de consumo? Pois é, em termos de decoração da casa, cada pessoa costuma ter um desejo diferente que pretende um dia poder realizar. Muitas vezes, por falta de tempo, espaço, e principalmente dinheiro, a almejada reforma acaba ficando em segundo plano. Entretanto, arquitetos, decoradores e designers de interiores têm a solução ideal para diferentes casos e diferentes bolsos.

Há mais de 20 anos trabalhando com reformas de interiores, o arquiteto Romero Duarte, já se deparou com muitas situações que precisaram de um pouquinho mais de criatividade para serem resolvidas. Em um projeto recente, o cliente pediu que ele colocasse banheiras em dois banheiros distintos. A falta de espaço acabou dificultando a execução do projeto, mas não impossibilitou que Duarte realizasse o desejo de seu cliente. “A solução que encontramos foi fazer dois banheiros com pia, bacia e balcão independentes e colocar uma única banheira que servisse aos dois banheiros. Acabou que ficou um espaço maior e bem legal. Banheiro é luxo, e é sempre bom quando a gente consegue resolver”, disse o arquiteto.

Capacidade para transformar o que já existia é uma característica importante para esses profissionais. A designer de interiores Ana Rosa Albuquerque sabe bem disso. Tanto que conseguiu a “façanha” de transformar a antiga garagem de sua cliente, que servia como depósito, em um espaço agradável com piscina, jardim e churrasqueira. Ótimo para a família se divertir na companhia dos amigos. “Sempre tive vontade de ter uma piscina. Quando compramos a casa meu marido disse que iríamos construir, 20 anos se passaram e a garagem virou um depósito de móveis velhos. As ideias de Ana foram fundamentais para começarmos a reforma”, disse Bernadete Sales, proprietária do imóvel. Vários motivos foram responsáveis pela demora na concretização do desejo de Bernadete - a formatura dos filhos, e outras prioridades financeiras , acabaram jogando a reforma pra escanteio. Mas em casos como este, nem sempre é preciso fazer tudo de uma só vez. “Conversamos para ir fazendo essas mudanças aos poucos. Primeiro foi a piscina e a churrasqueira. Ainda temos coisas inacabadas, como a sauna e os banheiros externos. O importante é realizar o sonho dos clientes”, diz Ana Rosa.

Entretanto, é sempre bom considerar que em se tratando de “sonhos”, certas economias são dispensáveis. “É muito importante procurar um profissional da área, que seja qualificado, e de confiança”, destaca Ana. Outro aspecto que deve ser considerado na hora de fazer uma mudança na casa são as características dos ambientes e da construção já existentes. Para que não haja choque de conceitos e de tendências.

Além disso, certas medidas podem ser tomadas para evitar desperdícios e não fazer o projeto estourar o orçamento. “A utilização dos materiais de maneira correta e pesquisa de mercado - sempre garimpando boas promoções - podem garantir uma economia considerável. E em último caso, sempre existe a opção de lojas que facilitam a compra, e financiam o material em até 12 vezes, com preços quase como à vista”, disse a designer. Com tantas dicas é só se planejar e mãos à obra.

Serviço
Escritório de Arquitetura Romero Duarte
Tel: 3222-0971 / 3241-6159
Ana Rosa Albuquerque - Desing de Interiores
Tel: 3466-2163 / 9426-5081


* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 24/05/2009

quinta-feira, 21 de maio de 2009

A beleza e a magia dos musicais infantis

A montagem do clássico “A Bela e a Fera” chega ao Recife

Abram alas para bules, xícaras, candelabros e relógios cantores. Estreia hoje, no teatro Guararapes, a montagem nacional de um dos maiores clássicos da literatura infantil, “A Bela e a Fera”. O espetáculo fica em cartaz em curta temporada de seis apresentações, hoje, amanhã e sábado. O musical é uma verdadeira superprodução que n
ão deixa nada a desejar em relação às grandes montagens teatrais internacionais. Entre alguns dos recursos cênicos utilizados para envolver a criançada (e também muitos marmanjos) no universo do faz de conta, três telões farão projeções em 3D. Tecnologia, aliás, é uma marca na montagem que conta ainda com movimentos de cenários controlados por computador e números de ilusionismo.

Sob a direção do italiano, Billy Bond, considerado, hoje, “o mestre” dos musicais infantis, “A Bela e a Fera” conta com um elenco de 22 atores em cena, que interpretam cerca de 40 personagens. Os atores Ivan Parente e Andressa Andreatto dão vida ao casal de protagonistas.

Billy Bond, que já vive há mais de 30 anos no Brasil, se envolve diretamente em cada detalhe da montagem. A experiência do diretor como produtor musical - durante as décadas de 70 e 80, quando foi um dos nomes responsáveis pelo primeiro Rock In Rio, e também trouxe ao País nomes de peso como Queen, Alanis Morissette, Red Hot Chili Peppers, entre outros - deu a Bond um olhar diferenciado no quesito superproduções.
Desde que passou a produzir musicais (sua primeira montagem foi o clássico da Broadway “Os miseráveis”) o diretor já emplacou sucessos de bilheteria como “O Rei Leão”, “Pinóquio” e “O Mágico de Oz”. A Folha de Pernambuco conversou com Billy Bond para saber como foi esse processo de transição de segmentos.

Entrevista: Billy Bond "Diretor"


Como foi mudar o foco da produção de bandas para musicais infantis. Por que essa escolha ?
É muito simples. Eu sou do ramo de música, sou produtor de música. Trabalhei no Rock in Rio, e trouxe vários shows internacionais para o Brasil. O teatro de musicais me chamou a atenção porque envolve uma mídia muito interessante, que reúne várias coisas numa só. Comecei trazendo os grandes musicais da Broadway, como “Os Miseráveis”. Foi quando percebi que o mercado se abriu para esse tipo de produção. Depois disso, eu continuei nessa trilha, porque realmente acredito que teatro musical é a melhor das mídias, envolve atuação, luz, palco, cenografia. A cada apresentação é uma nova emoção. A adrenalina sobe.

Qual a principal diferença (cuidado) de tratamento com esse tipo de público?
Normalmente no teatro brasileiro as crianças são deixadas um pouco de lado. Não em relação a roteiros. Mas as produções normalmente são de pequeno porte, porque costumam achar que a criança se entretém com pouco. Nós não. Achamos que a criança merece o mesmo respeito e seriedade de espetáculos de grande porte. Todo cuidado técnico é feito como se fosse espetáculo para o adulto. E realmente é porque as produções são divertidas tanto para as crianças, quanto para os pais. É um espetáculo para a família inteira.

É um público muito exigente?
Costumo dizer que o público infantil é o público mais exigente. É o mais difícil de todos, porque é sempre uma batalha atingi-los. Encontrar o tom certo para conseguir envolvê-los. E temos conseguido isso. Fizemos a marca de 1,2 milhões de espectadores com “O Mágico de OZ” ( que além do Brasil, também foi ao Chile e Argentina). E 900 mil pessoas assistiram “Pinóquio”. Esse é o terceiro espetáculo que apresentamos aqui no Recife.

Montar textos clássicos é uma estratégia para garantia de sucesso?
Basicamente é uma tática de garantia de retorno financeiro real. A escolha dos grandes clássicos da literatura mundial é um caminho. Mas já estamos trabalhando com outras possibilidades. Queremos fazer algumas montagens com autores brasileiros. Já escolhemos alguns títulos, mas por enquanto ainda não posso falar.



Serviço
Musical “A Bela e a Fera”
Teatro Guararapes - Centro de Convenções de Pernambuco

Quinta-feira (21), às 15h; Sexta-feira (22), às 9h e 15h; E sábado (23), às 10h, 16h e 19h
Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada)
Mais informações: (81) 3182-8020

terça-feira, 19 de maio de 2009

A ditadura da beleza em xeque

Em uma semana o recifense conheceu dois universos distintos tratando de neuroses semelhantes mas antagônicas. Na terça-feira (12), o espetáculo Hysteria, do Grupo XIX de Teatro, emocionou ao mostrar mulheres que se tornaram histéricas, por sentirem em demasia. No final de semana, “Geraldas e Avencas”, do Grupo de Dança 1° Ato, apresentou mulheres (e homens) que chegaram à histeria por serem superficiais.

Até onde a busca pela perfeição plástica nos leva? A questão surge já na primeira cena, quando Marcela Rosa repete o seu perturbado e mecânico: “Boa noite. Sejam bem vindos.É um prazer tê-los aqui”, numa analogia a necessidade das pessoas em agradar para serem aceitas. Cada número apresentado consegue envolver a platéia, num misto de identificação e rejeição, com a ditadura da beleza. Da mulher que quer ser o pôster da revista ao solo da bailarina sem rosto.

Além de instigar no público uma reflexão acerca dessa padronização, “Geraldas...” também tem momentos plasticamente belos: como o dueto da cena de amor e a ciranda final. A luz do espetáculo também é parte atuante na narrativa. Bem como a vídeo-arte, assinada por Tatu Guerra e Chico de Paula, que, entre outras projeções, expuseram a beleza de rugas e cicatrizes marcadas na pele. O espetáculo é coroado com a trilha sonora brilhante de Zeca Baleiro, que em meio a pérolas como “Turbinada”, também criou faixas instrumentais em ritmos diversos.

* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 18/05/2009

Que yoga você pratica?

A técnica indiana não segue apenas os ensinamentos tradicionais

A princípio, um iniciante mais desavisado pode confundir-se com a quantidade de nomes e de desdobramentos de linhas existentes dentro do Yoga. A chegada da prática indiana milenar, ao ocidente, com o passar do tempo, deu espaço para muitas “adaptações” que nem sempre levam em consideração os reais princípios do Yoga tradicional. E dentro das ramificações da técnica tradicional, é possível encontrar uma série de variações (Asthanga moderno, Iyengar, Sivananda Yoga, Purna Yoga, entre outros), que são diferentes não apenas em relação ao ritmo, mas as permanências e respiração trabalhadas nas paradas (posições, chamadas ásanas). É importante dizer que não existe uma linha melhor ou pior, nem uma é necessariamente a substituta de outra. O que deve ser levado em consideração é a intenção e a disposição de cada pessoa para trabalhar a cada dia.

De acordo com a instrutora Regina Perrusi, classicamente os tipos foram descritos nas escrituras antigas do Yoga como sendo Bhakti (o da devoção), Jnana (o do conhecimento), Karma (o da ação) e Hatha (das polaridades, do corpo, da força). As novas roupagens serviram para ajudar os adeptos da pratica aqui no ocidente. “Muitos modismos de professores chamam a técnica de outra nomenclatura e até com seus próprios nomes (um tipo de batismo pessoal), mas na verdade, tudo vem da mesma fonte. Yoga não tem dono, mas Yoga é Yoga”, disse Perrusi.

Mesmo assim, a orientação de um profissional, em relação ao método que cada pessoa deve escolher, é fundamental. “O instrutor deve conhecer um pouco do praticante e conduzir a prática para a sua condição física, mental e vital no momento, de modo a gerar benefício. Se há limitações no corpo, devem ser respeitadas e administradas de acordo com métodos e níveis”, explicou Perrusi. A prática de Asthanga, por exemplo, favorece o físico. Já no Raja Yoga a prioridade é a saúde da mente, portanto a exigência de concentração é maior.

Outro método bastante popularizado é o Sivananda que segue os princípios do Yoga durante as 24h do dia. A professora Isabel Sehbe destaca que existem mais de 80 cetros de Sivananda no mundo. A prática do método consiste no ensino dos ásana, dos pranayamas (exercícios adequados de respiração), savasanas (relaxamento adequado), adoção de nutrição adequada (vegetariana), e quinto ponto básico: pensamento positivo e meditação.

* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 17/05/2009

“Geraldas e Avencas” em seu culto a diferença

Espetáculo que tem trilha de Zeca Baleiro faz uma crítica à ditadura da beleza

Quantas vezes já nos pregamos querendo comprar um determinado produto para ficar com a pele igual à daquela modelo, ou pensamos em fazer uma plástica para ter uma barriga “sarada”? Nenhum tema nos soa mais atual do que a discussão em torno da ditadura estética. É justamente essa, a reflexão proposta pelo novo espetáculo do renomado Grupo de Dança Primeiro Ato (MG), “Geraldas e Avencas”, que tem coreografia e direção de Suely Machado.

Depois de um hiato de quatro anos longe dos palcos recifenses, o grupo sobe novamente no palco do teatro Santa Isabel ( a última vez foi em 2005 com “Mundo Perfumado”) para uma curtíssima temporada de apenas três apresentações, que acontecem hoje e amanhã, às 20h, e domingo às 20h.

Idealizadora do espetáculo, Suely Machado sempre sentiu-se incomodada com essa ditadura da beleza que leva mulheres dos 17 aos 70 anos a buscarem uma aparência única. Padrão. “Queremos estimular a reflexão sobre os paradoxos do nosso tempo. De uma vida em que buscamos uma perfeição que leva à deformação humana”, disse Sueli. “ É estranho que as pessoas busquem ficar igual para serem aceitas, quando vivemos um momento em que o que vale é diversidade”, completou.

Em sua pesquisa, que durou cerca de um ano, Suely procurou ao máximo entender o porquê dessa expectativa pelo perfeito, e ressaltar através da dança a beleza do não óbvio, da diferença. “Não estou fazendo um culto ao descuido humano mas quero poder não me descaracterizar”, disse a coreógrafa. Para isso, o elenco de oito bailarinos - Alex Dias, Ana Virgínia Guimarães, Danny Maia, Júnio Nery, Luciana Lanza, Marcela Rosa e Thiago Oliveira - participou ativamente do processo de criação, transformando em movimento experiências de vida que deixaram um traço, uma marca, uma cicatriz. É importante ressaltar a crítica reflexiva proposta em “Geraldas...” é feita de forma delicada e bem humorada.

Outro destaque também é a trilha sonora original, composta especialmente por Zeca Baleiro, a convite da diretora. “Achava que a ironia e a irreverência dele tinha tudo a ver com o que estávamos fazendo. E em certa ocasião, nos conhecemos e fiz o convite. A identificação foi total”, disse Suely. O Espetáculo conta ainda com o suporte de uma vídeo-arte assinada por Tatu Guerra e Chico de Paula.

Serviço
“Geraldas e Avencas”, do Grupo 1° Ato de Dança
Teatro Santa Isabel - Praça da República, Santo Antônio
Dias: sexta (15) e sábado (16), às 20h; domingo (17), às 19h
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Informações: (81) 3232 2939 | 3232 2940

* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 15/05/2009

Nuances da sensibilidade feminina

“Hysteria” faz uma ponte entre a realidade de mulheres de ontem e de hoje

Espetáculo, que foi encenado na terça-feira, no Liceu de Artes e Ofícios, mostra universo feminino

“Entrem senhoras, rápido, rápido. Não toquem nas janelas. Aqui vocês terão que seguir as regras”. Ao recebermos essas informações, descobrimos que nós - a plateia - também estamos isolados em um dos cômodos de um hospital psiquiátrico no ano de 1897. A interação público-elenco do espetáculo “Hysteria” é uma das marcas registradas do teatro vivencial feito pelos cariocas do Grupo XIX de Teatro, que se apresentaram na última terça-feira, no Liceu de Artes e Ofícios. Ainda na entrada, homens e mulheres são divididos em dois grupos, e não voltam a se misturar até o fim do espetáculo. Tudo é feito e pensado para que sejamos transportados ao universo de cinco mulheres (quatro pacientes e uma enfermeira) que foram isoladas, e execradas, da sociedade em função das mazelas que as tornaram histéricas.

A ausência de suportes cênicos não compromete, em nada, a qualidade da peça. Ao contrário. A opção do diretor, Luiz Fernando Marques, em sair do teatro e usar espaços pouco convencionais, é mais do que necessária para o envolvimento com a narrativa. Assim como a escolha de usar a luz natural - de final de tarde - do ambiente nos ajuda a compreender a densidade das personagens. A medida que a luz vai caindo, essas mulheres vão tornando-se cada vez mais complexas e dramáticas. E num cenário de quase penumbra, revelam-se insanas por serem sensíveis.

“Hysteria” é na verdade um exercício de compreensão da condição feminina. Daquele distante 1897 até hoje, passaram-se mais de um século. Muitas mudanças aconteceram. As mulheres tornaram-se menos submissas, mais independentes e liberais, houve a revolução sexual, e aquele conservadorismo de outrora já parece não ter mais sentido. Entretanto, mesmo pertencendo a épocas tão distintas, algo naquele cômodo aproxima as mulheres presentes. Amor, casamento, religião, sexo, filhos, temas atemporais, que fazem parte do nosso universo, e que pela capacidade de interação e improvisação das atrizes são imediatamente incorporados pelo público.

Ao final do espetáculo, a frase da enfermeira Nini resume essa identificação inerente: “Mulheres foram feitas para sentir e o sentimento as tornam histéricas”, deixando no ar a sensação de que a plateia, dividida, de fato assistiu a dois espetáculos diferentes.

* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 14/05/2009

“Hysteria” é a grande expectativa da semana

Fugindo do convencional, a peça usa a luz natural para compor suas cenas

A semana começa com um mergulho no universo da insanidade e da loucura, através da realidade de mulheres que viviam isoladas em asilos psiquiátricos, de um Brasil conservador e burguês do final do século XIX. Esta é a proposta de teatro vivencial, trazida pelos cariocas do Grupo XIX de Teatro, com o espetáculo “Hysteria”. Uma das peças mais elogiados pela crítica especializada, o espetáculo faz única apresentação, hoje (12), às 16h, no Liceu de Artes e Ofícios, na Praça da República, dentro das programações do Festival Palco Giratório.

A escolha de abandonar os palcos, e optar por espaços não convencionais para a montagem não foi casual. De acordo com o diretor, Luiz Fernando Marques, o espaço e a luz natural colaboram com a composição das cenas, que usam a “hysteria” como recorte para propor uma reflexão sobre o papel da mulher na sociedade. “A ideia é que o espaço faça parte da dramaturgia da peça. Como o espetáculo se passa no século XIX, sempre procuramos escolher espaços antigos para que plateia possa interagir com o ambiente e sinta o clima da época. Isso nos ajuda a contextualizar a história através da vivência. Queremos fazer o contraste entre ontem e o hoje”.

Há sete anos em cartaz, “Hysteria” já visitou cerca de 30 cidades brasileiras e também se apresentou em cidades da Inglaterra, França, Cabo Verde e Portugal. A expectativa de ver a montagem no Recife não se resume apenas ao público local. Elenco e direção também aguardavam há tempos esta oportunidade. “Sempre quisemos fazer este espetáculo aqui. Até porque, na época da pesquisa, retiramos muita coisa de mulheres nordestinas, é um orgulho poder estar no nordeste e poder trocar com essa cultura. Em cada canto do Brasil que visitamos é uma experiência diferente”, disse Luiz.

Ao todo, o espetáculo já recebeu cinco prêmios, entre alguns dos mais importantes, o prêmio de revelação teatral de 2005 pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). Uma oportunidade imperdível para os apaixonados pelo bom teatro.

* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 12/05/2009

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Pernambuco brilha no 13º Cine-PE

Plateia do último dia não foi muito grande, mas bem representativa

Cristiana Dias
Tião, de “Muro”, recebeu cinco prêmios ao todo

AMANDA SENA

Quem esteve na cerimônia de premiação da 13ª edição do Cine-PE Festival do Audiovisual, no último domingo,, encontrou um teatro Guararapes não muito lotado, porém, muito bem representado por uma plateia verdadeiramente interessada em cinema. No ano em que o Festival teve marcos importantes - a presença do cineasta de renome mundial Constantin Costa-Gavras, e a excelente qualidade na curadoria dos curtas-metragens - jovens cineastas pernambucanos confirmaram que o cinema pernambucano deixa de viver “um bom momento”, para ocupar, em definitivo, o posto de cinema de qualidade no cenário nacional.

A noite começou fazendo um anúncio do que estava por vir, já no primeiro prêmio extra júri oficial, a Associação Brasileira de Documentaristas (ABD-PE) concedeu os prêmios de melhor curta digital, para o paulista “Nello´s”, de Marc d’ Rossi. E melhor curta em 35mm para “Muro”, do diretor pernambucano Tião. O prêmio foi só o primeiro, dos outros quatro que o filme ainda recebeu na noite. Além de três Calungas concedidas pelo júri oficial, “Muro” ainda ganhou R$10 mil do prêmio de aquisição, concedido pelo Canal Brasil. A imagem tímida e contida do jovem diretor em cima do palco, nem de longe sugestiona a grandeza de seu trabalho, que no ano passado foi um dos premiados na Quinzena de Realizadores em Cannes. Quando perguntado se já se acostumou a tantas premiações, Tião foi taxativo. “ Ainda não, a gente nunca acostuma. Mas para mim o que é mais importante é poder exibir o filme aqui no Cine-PE, que tem um público tão diferente do que normalmente o filme teria”.

Trajetória semelhante a do filme de Tião, está fazendo o vencedor da mostra competitiva em 35mm “SuperBarroco”, da também pernambucana, Renata Pinheiro. Além das Calungas de melhor filme e melhor ator (Everaldo Pontes), “SuperBarroco” também recebeu a premiação em dinheiro de R$ 4 mil concedida pelo Prêmio Aquisição Zoom, da Tv Cultura. “Ganhar como melhor curta no Cine-PE é melhor prêmio de todos, principalmente porque para mim a produção de cinema pernambucano, ao meu ver, hoje, é a melhor do Brasil. Não bastassem todos os prêmios, ainda essa semana a equipe do filme embarca para participar da Quinzena de Realizadores em Cannes, mesma em que “Muro” foi premiado.

A cerimônia seguiu com as premiações dos longas, e teve como grande vencedor da noite o popular “Alô, Alô, Terezinha!”, documentário não biográfico sobre o velho guerreiro Chacrinha. O filme de Nelson Hoineff faturou as Calungas de melhor longa metragem tanto entre o júri oficial, quanto entre o júri popular. Porém, foi o queridinho da crítica “Praça Saens Peña” quem brilhou na noite de encerramento, levando para o Rio cinco Calungas. Ao subir no palco para receber o prêmio de melhor ator, Chico Diaz, fez uma bela metáfora. “Nesse momento estou me sentindo nas nuvens, e logo, se a previsão de Lírio Ferreira for confirmada, estarei engarrafado”, brincou o ator referindo-se ao filme do diretor pernambucano “O Homem que Engarrafava Núvens”, que foi exibido logo depois da premiação. Ao final da noite, restaram ao público o orgulho pela cria da casa, e sensação de que algumas gafes na condução do evento poderiam ter sido evitadas.


* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 05/05/2009

Competição de curtas com balanço positivo

Marcos Pastich
AMANDA SENA

Os últimos dois dias de exibições das mostras competitivas de curtas metragem reservaram para o público do Cine-PE a cereja do bolo, aliás, as cerejas. O quinto dia de exibições teve um dos programas de curtas mais coesos e de boa qualidade do Festival. A única exceção da noite foi a animação carioca em 35mm, “Juro Que Vi: O Saci”, de Humberto Avelar, que apesar de tecnicamente bem executada, destoou do contexto geral dos outros filmes que trouxeram ao público - em sua maioria - um exercício reflexivo sobre as dificuldades de se encaixar em uma sociedade repleta de estigmas e padrões.

Os curtas digitais fizeram um prenúncio do que estava por vir: a animação “O Anão que Virou Gigante”, de Marão; e o documentário “Quem será Katlyn?”, de Cauê Nunes. Revelaram como as diferenças de tamanho, de peso, ou mesmo de gênero podem tornar-se um obstáculo de inclusão social.

Na sequência, dois curtas em 35mm, em particular, roubaram as atenções da noite. “Nº 27”, do pernambucano Marcelo Lordello, e o paulista “Eu e Crocodilos”, de Marcela Arantes, que foi o único representante brasileiro no Festival de Sundance desse ano, têm como temática comum aos seus roteiros as dificuldades de aceitação encontradas por adolescentes que vivem uma fase de transição e descobertas.

SÁBADO

O sexto, e último dia, de exibição de curtas do Cine-PE ficou marcado pelo brilho de dois filmes em formato digital. O aguardado, e premiado, “Pelo Ouvido”, de Joaquim Haickel, arrebatou o público pela sensibilidade do roteiro e da trilha sonora. No filme, Katie precisa ouvir, mas Charlie - privado de seus sentidos após um grave acidente - não pode falar.

Não menos aguardado, o documentário “Abril pro Rock - Fora do Eixo”, dos pernambucanos, Everson Teixeira, Ricardo Almoêdo e Júlio Neto arrancou aplausos fervorosos de uma plateia reconhecidamente bairrista. Contando a história dos 16 anos de um dos principais festivais de música independente do Brasil, os diretores conseguiram traçar um perfil do tamanho da importância do “APR” para a música do Estado.

A última noite ainda exibiu quatro curtas em 35mm.“ Dez Elefantes”, Eva Randolph; a belíssima animação “Silêncio e Sombras”, de Murilo Hauser; o documentário “Phedra”, de Claudia Priscilla; e “Hóspedes”, de Cristiane Oliveira.

* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 04/05/2009

Cine-PE premia competidores

Cristiana Dias
CALUNGA de melhor longa foi para Alô, Alô, Terezinha!,
de Nelson Hoineff

AMANDA SENA

A 13ª edição do Cine-PE Festival do Audiovisual do Recife chegou ao fim ontem, após a maratona de uma semana ininterrupta de exibições de curtas e longas metragem de todo o País. A cerimônia de premiação, que aconteceu no teatro Guararapes, confirmou uma tendência já esperada - dada a recepção do público ao filme - e comentada, concedendo o prêmio calunga de melhor longa-metragem do Festival ao documentário “Alô, Alô, Terezinha!”, de Nelson Hoineff.

O filme - que traz depoimentos irreverentes de artistas, equipe, e chacretes que conviveram com o velho guerreiro, Abelardo Barbosa, o Chacrinha - ainda arrebatou mais três prêmios, entre eles o cobiçado troféu concedido pelo júri popular. Ainda na categoria de longas, o drama familiar de “Praça Saens Peña” foi o filme mais premiado da noite, levando cinco calungas, entre elas, a de melhor direção para Vinícius Reis.

Entre os filmes da mostra competitiva de curtas-metragem, o Festival premiou filmes bastante distintos. Na categoria curta digital, o troféu de melhor filme ficou com a animação “A ilha”, de Ale Camargo. Já entre os curtas em 35mm, a noite foi da diretora pernambucana, Renata Pinheiro, que fez um trabalho irretocável no filme “Superbarroco”. O filme também deu a calunga de melhor ator da categoria para Everaldo Pontes. Além de Superbarroco, outro curta pernambucano brilhou na categoria 35mm. O filme “Muro”, de Tião, recebeu os prêmios de melhor direção de arte, melhor montagem, e o prêmio especial da crítica. Para ver a lista completa de premiados do Cine-PE 2009 acesse a Folha Online.

* A matéria foi publicada no caderno "Geral" da Folha de Pernambuco de 04/05/2009

domingo, 3 de maio de 2009

Funcional e com estilo

Objetos e utensílios diferenciados tornam-se peças de decoração

O desing de produtos, ou desenho industrial como é popularmente conhecido, trabalha essencialmente com o desenvolvimento de bens de consumo humano. Já há algum tempo, a busca pela produção de objetos que tenham um desing diferenciado, que incorporem funcionalidade e beleza num só produto, tornou-se um tendência em todo o mundo. Peças que antes serviam apenas para um fim prático - guardar coisas, cozinhar, iluminar, ou organizar materiais - passaram a ter a preocupação de não serem apenas úteis, mas também terem plástica.

Lojas que trabalham com utensílios para casa estão, cada vez mais, de olho nessas tendências com objetivo de trazer para os seus clientes produtos que estão um consonância com as tendências do desing mundial. Tok Stok, Imaginarium, Prima Casa, entre outras, são alguns exemplos de empresas que primam pela beleza de suas peças. Entretanto, a maioria deles esbarra na dificuldade de encontrar pessoas que desenvolvam este tipo de trabalho no Recife. “ Eu faço pessoalmente a escolha de todos os produtos que vendemos na loja”, diz Juliana Farinha, proprietária da Prima Casa.

Entre as peças que mais chamam a atenção no local, está um fruteira redonda (da marca italiana Alesi), em aço inox, que, com um desing totalmente diferenciado, mal pode ser identificada como fruteira. Como centro de mesa, a peça é a garantia de um toque especial na sala de estar.

Mas nem só de importados vive o desing de produtos, a empresa nacional Riva, de Caxias do Sul, vem despontando no cenário de utensílios diferenciados já há um bom tempo. Trabalhando com os Jacqueline Terpins e Ruben Simões a empresa produz peças exclusivas, que frequentemente aparecem compondo os cenários das novelas Globais. “Em Recife, ainda existem poucos profissionais trabalhando no segmento, mas no sudeste a produção deste gênero está consolidada”, ressalta Juliana, que complementa: “Porém quando contatamos empresas como a Riva, fazemos questão de pedir produtos que são muito procurados aqui no Nordeste”, completou.


Luz que faz a diferença


Mesmo existindo uma carência no mercado local de desings de produto, empresas locais, como a Ligth Desing, já trabalham com conceitos modernos como o “Architectural light”. O termo é usado para identificar uma iluminação que não é meramente decorativa, mas, sim, que se incorpora a arquitetura do ambiente.

Para isso, o desing é peça fundamental no momento de concepção das peças, que acontece simultaneamente com o processo de criação do projeto. “Existe a preocupação com a funcionalidade, mas também com a estética. Você tem que ser super funcional, mas aplicar isso ao ambiente. A luminária por si só não representa muito. É preciso compor com o ambiente”, explica Fred Mamed, um dos desings da Ligth.

O projeto muito particular dos spots, andarelas, pendentes e luminárias, ajudam a compor um visual totalmente diferenciado na casa. As linhas e cortes dos produtos combinam perfeitamente com os projetos, justamente por passarem por um processo de criação em comum. Outra preocupação na concepção das peças é em relação às questões ambientais, todos os produtos são pensados de forma que seja exercitado o consumo consciente de energia.

* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de01/05/2009

Palco Giratório vai garantir 30 dias de teatro no Recife

No programa estão 37 companhias de artes cênicas

Uma verdadeira maratona de espetáculos está programada para o mês de maio com a estreia, nesse final de semana, do Festival Palco Giratório. Serão ao todo 37 companhias de teatro, de nove diferentes estados, fazendo apresentações em vários polos da cidade, durante 30 dias consecutivos. Em uma coletiva realizada ontem, na sede do Sesc Santo Amaro, a coordenação do evento divulgou a programação completa da terceira edição do projeto, que, dessa vez, tem como um dos grupos selecionados para “girar” na turnê nacional, os pernambucanos do Coletivo Angu de Teatro. “Já participamos do Palco Giratório há 11 anos. Nos moldes de festival, trazendo companhias de fora, esse é o terceiro ano. O Palco Giratório é um retrato diversificado do que está sendo feito no teatro nacional”, disse Galiana Brasil, coordenadora geral do evento. Também estiveram presentes no lançamento, o presidente do Sesc, Josias Albuquerque, a diretora de atividades sociais, Sílvia Cavadinha e a diretora de educação e cultura, Teresa Ferraz.

Em sua terceira edição, o Palco Giratório se consolida como um dos principais, e maiores eventos, de artes cênicas da cidade. Possibilitando, inclusive, que os espetáculos sejam montados também em cidades do interior. “ Essa é uma das principais prioridades que nós temos. Permitir que todos tenham acesso a esses espetáculos”, disse Josias Albuquerque.

Além de levar as peças ao interior, o projeto também vai contar com um polo infanto juvenil, localizado no teatro Capiba. E uma arena de teatro montada na praça Campo Santo, em Santo Amaro, que vai prestigiar o teatro de rua. “A ideia é retomar o diálogo com a comunidade através do teatro”, disse Galiana.

Desta vez, os 16 grupos da mostra principal, que foram selecionados por curadores de todo País viajam para participar de edições do Festival que acontecem em 10 capitais do País. Junto a eles, 21 grupos locais foram selecionados para compor a programação fixa do festival. Essa é a primeira vez, depois de dois anos, que um grupo pernambucano é selecionado para participar da mostra nacional. Entre os selecionados pelos curadores, o Coletivo Angu de Teatro retoma o lugar das companhias pernambucanas no grupo principal com o espetáculo “Rasif - Mar que Arrebenta”, que acaba de chegar da primeira temporada, muito bem-sucedida, de apresentações em Fortaleza. “ Um dos critérios do Festival é dar espaço aos grupos que mantém um trabalho de repertório, com continuidade. Não existe um edital de seleção, o importante é se manter em evidência”, explicou Galiana.

Para o ator do Coletivo Angu, André Brasileiro, projetos como o Palco Giratório são importantes porque são a oportunidade de companhias do circuito alternativo poderem circular em âmbito nacional. “É muito difícil conseguir viajar com um espetáculo como Rasif, que requer uma estrutura de deslocamento de 700 kg de cenário. Festivais como este são fundamentais para companhias que estão tentando se firmar”, afirmou. Além do grupo pernambucano, também são esperados o grupo paulista Pia Fraus, com “100 Shakespeare”. Os cariocas do grupo Padras, com “Mangiare”. E o “Inventário”, da também carioca companhia Roda Gigante. Entre outras atrações. Veja a programação completa no box ao lado.

* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 29/04/2009