segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Melhores do mundo marcam golaço no teatro da UFPE

Foto: Diego Nigro
Teatro da UFPE lotado (ou seria estádio?) na última sexta-feira para assistir “Os Melhores do Mundo Futebol Clube” entrarem em campo. Desde a chegada ao teatro, as bandeirolas, telões, e hinos dos clubes de futebol davam indícios de que uma seleção de craques do humor estava prestes a entrar em cena.

Foi em clima de clássico que a Cia de Comédia Os Melhores do Mundo (formada por Welder Rodrigues, Victor Leal, Ricardo Pipo, Jovane Nunes e Adriano Siri) voltou a se apresentar no Recife. Falando de um assunto pelo qual todo bom brasileiro é apaixonado, o futebol, o grupo apresentou uma fórmula já bastante conhecida pelo público, mas que ainda assim continua dando certo.

No palco, o elenco de seis atores (cinco principais e um apoio) se reveza dando vida aos personagens em sete diferentes esquetes. “A esposa não deixa o marido ver o jogo”, “A invenção do Futebol” e até mesmo um “Jogo entre Loiras e Morenas” arrancam boas risadas da platéia. Que, em alguns momentos, porém, parece se envolver pouco no clima de interação que os atores tentam criar.

Mas é em momentos impagáveis - como o em que Nietzsche, ateu convicto, torna-se o único jogador apto a fazer um gol em Nossa Senhora, convocada para o lugar do goleiro. Ou mesmo no quadro em que um psicoterapeuta (vivido pelo excelente Jovane Nunes) tenta “motivar” o time, e o juiz, a serem mais decididos. - que o grupo faz jus ao nome que batiza a Companhia.

Outro mérito que deve ser atribuído ao grupo é a capacidade de aproximar seus espetáculos do universo em que vive o público que assiste cada uma de suas apresentações. E não é apenas fazendo menção aos times locais - isso seria a alternativa mais óbvia -, mas também acrescentando informações sobre bairros, músicas, artistas e até mesmo sobre uma faculdade local às suas piadas. Dando ao público uma sensação agradável de que aquele espetáculo foi feito exclusivamente para ele.

Depois de quatro apresentações na cidade (incluindo uma sessão extra no domingo) “Os Melhores...” se despedem do Recife deixando provado que ainda têm fôlego para mais algumas piadas, e que tudo o que o brasileiro mais quer é poder rir de suas próprias mazelas.

* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 31/08/2009

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Teatro que faz a diferença

Malkavian encontrou no próprio corpo sua melhor forma de expressão

Para muitos, subir em um palco, encarar uma plateia e representar um personagem é um verdadeiro desafio. Difícil de ser enfrentado! Imagine agora, fazer tudo isso quando se tem vergonha do próprio corpo. Quando se tem uma deficiência física que o torna diferente da maioria das pessoas. O obstáculo a ser transposto torna-se ainda maior. Márcio Malkavian tem 23 anos, e já pode dizer que tem uma longa carreira nos palcos. São quase dez anos de experiência trabalhando como ator e bailarino, e, não fosse por um problema de má formação congênita que lhe tirou o movimento das duas pernas, Márcio seria igual a qualquer outro ator.

Porém, foi justamente a sua deficiência que o levou a fazer escolhas diferentes. Ainda adolescente ele tinha muita dificuldade em aceitar sua condição. “Eu me sentia muito tímido, tinha vergonha de ir para a escola porque meu irmão mais velho costumava me levar carregado nas costas”. Foi quando, aos 14 anos, ele decidiu entrar para uma oficina de teatro que acontecia em frente à escola onde estudava, no Sítio da Trindade. Na época, Márcio vivia uma fase muito difícil. “Já tinha pensado várias vezes em suicídio, não conseguia ver possibilidades”, disse o ator. O primeiro contato com as artes cênicas foi um verdadeiro divisor de águas. A oficina ministrada pelo diretor Gustavo Vilar dava ênfase a tudo o que Márcio mais temia: a expressão corporal. Era um teatro físico e vigoroso que buscava, principalmente, ressaltar as diferenças de biótipos humanos.

Em “Paralelas”, seu primeiro espetáculo oficial como ator, Márcio pôde testar em definitivo sua capacidade de exposição. “Eu testei o meu limite, estava no palco para me mostrar para as pessoas do jeito que eu sou. A partir dali eu perdi essa posição de coitadinho e quebrei todos os meus tabus”.
Este foi apenas o começo de uma carreira repleta de superações. Dedicado e empenhado ao ofício que escolheu, Márcio nunca parou de aprender. E os desafios nunca pararam de surgir. Em 2008, ele que até então só havia estado no palco como ator, foi convidado pela diretora do grupo de dança Grial, Maria Paula Costa Rêgo, para fazer parte do corpo de bailarinos do grupo. “Ela me perguntou se eu já havia pensado em ser bailarino, e eu respondi que não, justamente porque a minha deficiência é nas pernas”, lembrou Márcio. Na época o grupo estava trabalhando em um projeto no qual os bailarinos dançavam presos a uma parede. Foi a oportunidade perfeita. O espetáculo permitia que ele dançasse adaptando a coreografia às suas possibilidades.

As oportunidades e as conquistas que foram sendo trilhadas em seu caminho profissional serviram para fortalecer o ator também como pessoa. “Hoje sou um homem totalmente diferente. No teatro nunca senti nenhum tipo de preconceito, sempre consegui trabalhar de igual para igual. O preconceito maior ainda é fora do palco, as pessoas acham estranho até o fato de eu ser deficiente e usar piercings, como se a minha deficiência fosse um empecilho para minha maneira de me expressar”, ressaltou Malkavian.

E foi justamente pelo fato de nunca ser taxado de “diferente” que Márcio conseguiu alcançar resultados tão positivos. “O trabalho que fazemos com o Márcio é igual ao de qualquer outro ator, inclusive no que diz respeito à preparação corporal. O que faz a diferença no trabalho dele é a qualidade da sua interpretação. Ele se dedica, estuda, e isso se sobrepõe a sua deficiência. Ele é parte do grupo como qualquer outro”, afirmou o diretor Benedito Serafim, que atualmente dirige Márcio nos espetáculos “O Auto da Barca do Inferno” e “Ex-miseráveis”, da Cia. de Teatro Falaz.

Nesse último espetáculo, inclusive, Márcio realizou a conquista de mais um sonho. Divide o palco com a diva do teatro Pernambucano, Geninha da Rosa Borges. “Quase não acreditei quando ela chegou para o ensaio. É uma responsabilidade bem pesada estar no palco ao lado de Geninha”, disse Márcio com um sorriso estampado no rosto de quem conseguiu reverter a história de uma vida em função dos palcos.

* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 27/08/2009

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Seminário vai abordar efeitos da crise mundial na cultura

Ciclo de palestras começa hoje, na Sala Aloísio Magalhães (Fundaj)

Foto: Rodrigo Pessoa
A crise mundial pode já parecer, para algumas pessoas, coisa do passado. Porém, há quase um ano de seu estopim, os efeitos ainda repercutem em diversos setores, e a produção cultural do País não está isenta desse impacto. Diante desse fato, a coordenadoria-geral de capacitação e difusão científico-cultural da Diretoria de Cultura da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) dá início ao “Ciclo de Palestras Crise na Cultura e Cultura na Crise”. A conferência de abertura do evento acontece hoje, às 19h, na sala Aloísio Magalhães - na Fundaj - com a presença da economista Tania Barcelar. Ao todo serão realizadas duas conferências e três mesas de debates, entre os dias 26 e 28 de agosto.

Em coletiva realizada na manhã de ontem, a coordenadora de difusão cultural, Cristiana Tejo, destacou que o objetivo do seminário é fomentar o pensamento de produtos culturais como parte de uma cadeia produtiva. “De certa forma, não costumamos ter muito domínio sobre o que seja economia, a ideia não é fazer das mesas um muro de lamentações, queremos apontar algumas possibilidades. Por isso, fizemos uma seleção de nomes que têm conseguido ter soluções positivas para driblar os problemas”, disse Cristiana .

As mesas de debate serão divididas em três módulos: teóricos, financiadores e produtores. Dessa forma, todas as etapas de produção serão discutidas no encontro. A diretora de cultura da Fundaj, Isabela Cribari, ressaltou ainda que toda programação do “Ciclo de Palestras” será transmitida ao vivo, através do site da Fundaj (www.fundaj.gov.br). “ Essa é uma maneira de aumentarmos o alcance das discussões, possibilitando o acesso de agentes culturais, inclusive, do interior do Estado”.

Ao final do encontro, a coordenadoria de cultura fará o lançamento de um livro e de um documentário, produzido a partir de textos de alguns dos palestrantes, cujo tema será “Economia da Cultura”. A programação completa do evento já está disponível no site da instituição. As palestras são abertas ao público em geral e as inscrições são gratuitas.

* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 26/08/2009

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

No palco com o Integrarte

Grupo de atores Downs comprovam que o teatro é uma expressão universal



Foto: Arthur Mota
Há pouco mais de dez anos um projeto que começou timidamente, apenas como uma das atividades desenvolvidas dentro Associação de Pais e Amigos de Down (Aspad), deu início a um caminho sem volta: apresentou a jovens com Síndrome de Down a magia do teatro. A princípio, a ideia era apenas oferecer aos alunos a oportunidade de ter contato com o lúdico, porém eles provaram que queriam bem mais que isso. Nascia então o Integrarte - Centro Pró-Integração Cidadania e Arte. O primeiro contato do diretor, Vicente Monteiro, com a Aspad se deu por questões pessoais. Um amigo próximo havia sido pai de uma criança Down e o pediu ajuda para entender aquilo que na época consideravam um “problema”. “Eu realmente não tinha a menor noção do que era essa deficiência. Quando conheci os meninos da Aspad percebi que na verdade as limitações não eram deles, e sim, minhas” lembra Vicente.

Foto:Sérgio Bernardo
Esse primeiro contato com o grupo trouxe a oportunidade de começar a desenvolver um trabalho dentro do universo das artes cênicas. Mesmo que no início a ideia já não tenha sido trabalhar na perspectiva da arteterapia, as aulas detinham-se apenas ao contexto das brincadeiras e exercícios cênicos. E foi durante uma dessas brincadeiras que Vicente percebeu o quanto estava equivocado. Ao ler a história de Chapeuzinho Vermelho e escolher os personagens, os garotos surpreenderam o diretor e deram um fim inusitado à história. “ A Vovó imobilizou o Lobo, chamou a neta que trouxe os lenhadores, e decidiram que levariam o vilão para o Zoológico. Foi então que comecei a chorar, porque ali percebi que o que eu estava dizendo não funcionava. Eles não queriam brincar. Queriam criar. A partir daí mudei de rumo e começamos um trabalho mais sério, porque se eu estava diante de atores e atrizes, então tinha que trabalhar teatro de verdade”, completou.

Desde então o grupo não parou. A primeira montagem foi “O Baile do Menino Deus”, que teve o aval de um dos autores do texto, Ronaldo Brito. A produção não parou, o Integrarte cresceu e alçou novos vôos. Em 2002 se desligou da Aspad com o objetivo de dar mais ênfase o viés artístico da companhia. E, na contramão da maioria das iniciativas do gênero, decidiu trabalhar o contexto da inclusão, porém no sentido inverso: Cinco pessoas não Downs passaram a fazer parte do elenco. “Tivemos efeitos muito positivos, a partir do teatro eles melhoram suas relações sociais e afetivas. O preconceito ainda é uma barreira muito forte, eles ainda não foram inseridos a outros grupos, mas mostramos que aqui fazemos teatro de verdade. Todos juntos.” destaca a presidente do projeto, Laise Rezende, que também é mãe de um Down.

No repertório, a companhia já tem uma bagagem de mais de cinco espetáculos entre eles “A Farra dos Bonecos”, “Celebração da Criação” e “Integrarte 10 anos de Arte”. No palco o talento desses artistas é latente e comprova que a arte cênica (e as artes em geral) é um conceito universal. As pretensões são as mesmas, e os sonhos, tão audaciosos quanto o de qualquer aspirante a ator. “ Eu estou feliz dentro do teatro. Tenho amigos e quero fazer carreira como atriz. Quero aparecer na novela”, disse Verônica Barroca. Já o sentimento de outro ator do grupo, Neomar Valença, traduz bem a sensação de que no Integrarte, nada é de fato diferente. “O que eu mais gosto é da plateia, gosto das palmas. Eu mereço essas palmas”.

Serviço:
“Celebração da Criação”
Sexta-feira (21), às 15h, em Ponte dos Carvalhos
“Integrarte 10 anos de Arte”
Quinta-feira (27), às 15h, no auditório do Banco Central (Rua da Aurora)
Entrada franca

* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 20/08/2009

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Carioca Casuarina bota Seu Jorge para dançar

Foto: Bruno Campos
Um risco bastante recorrente, principalmente em festas que reúnem várias atrações numa mesma noite, é de que fatalmente a atração principal acabe virando coadjuvante. Foi exatamente o que aconteceu na noite do último sábado, no show que comemorou os cinco anos da academia R2, realizado no Cabanga Iate Clube. A festa, que deveria ter como grande atração da noite Seu Jorge, acabou tornando-se a festa dos cariocas da banda Casuarina.

Com um sambinha de luxo - do melhor estilo tradicional das rodas de samba dos subúrbios do Rio de Janeiro - a banda conseguiu empolgar bastante o público presente, que, apesar de assistir apenas a segunda apresentação da banda na cidade (a primeira foi em 2008), cantou praticamente todas as músicas do show. Com um repertório que foi de Dorival Caymmi a Benito de Paula, além das composições próprias, os meninos da Casuarina fizeram bonito e acabaram por ofuscar o brilho da apresentação seguinte.

Seu Jorge subiu ao palco com um atraso de mais de uma hora. Simpático, antes mesmo de começar a cantar, nos primeiros acordes da banda, o cantor já deu as boas vindas e agradeceu a presença do público. No início, o show até pareceu que iria engrenar ao som de “Carolina”. Seu Jorge começou sua apresentação e provocou um dos poucos momentos de vibração da plateia. A sequência de “Chega no Swing”, “Samba Rock” e “Trabalhador” foram o suficiente para garantir os primeiros 20 minutos de animação, e logo em seguida entrar no tom morno que teve o resto da apresentação. Salve raras exceções, de músicas como “Burguesinha” que tem um apelo mais popular, até o final do show a conexão público e cantor não foi alcançada.

Tanto que, o já tradicional “bis” aconteceu mesmo sem os gritos de “mais um”. Reação que pode ser atribuída à empolgação do Casuarina, ou tão somente à falta de interesse do público, que não se empolgou nem mesmo com os passinhos ensaiados pelo cantor. A festa terminou ao som da batucada da Escola de Samba do Preto Velho.
* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 13/08/2009

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Teatro que não conhece limites

Cia Mão em Cena já tem três anos de estrada

Foto: Arthur Mota
Muito já se falou sobre o impacto que a arte pode ter sobre a vida das pessoas. Porém, como se dá essa transformação quando uma das partes desse processo é especial? É um deficiente físico, ou mental? A arte em geral - e aqui destacamos as cênicas - muito antes de cumprir sua função de abstração, ou entretenimento, tem um papel social. E é principalmente quando se é “diferente” que essa máxima ganha seu sentido maior.

“O teatro é uma forma de arte cuja especificidade a torna insubstituível como registro, difusão e reflexão do imaginário de um povo” (Manifesto Arte Contra a Barbárie, 1999). O Manifesto, produzido por integrantes de várias companhias de teatro distintas, expressa bem o quanto o teatro é importante para o processo de formação da identidade cultural de um povo, ou de um grupo específico. Direito que, quando se trata de minorias, muitas vezes acaba subjugado. A partir de hoje, até o final do mês, as quintas-feiras de agosto do caderno Programa terão um espaço reservado para falar do trabalho de grupos que descobriram que não existe limitação que se sobreponha ao talento, tão pouco obstáculo que atrapalhe a vontade de estar no palco. Em comum entre eles, o pensamento de que apesar de existirem deficiências, a arte não é um mero instrumento de terapia, e sim uma forma de expressão.

Para começar, apresentamos um pouco do trabalho feito pela Cia Teatral Mãos em Cena, formada por jovens surdos, alunos e ex-alunos do Centro Suvag de Pernambuco. O grupo apresenta o espetáculo “A pedra do Reino”, hoje, às 18h30h, na abertura do VII Festival Estudantil de Teatro e Dança no teatro Apolo.

O Centro Suvag de Pernambuco é uma instituição que já trabalha há mais de 30 anos com a educação especial bilíngue de jovens surdos. Em 2006, professores e alunos decidiram usar o espaço que tinham, destinados às aulas de teatro, para montar um grupo que trabalhasse o teatro sob a perspectiva de produção artística, e não apenas como arteterapia. Surgiu então a Cia Teatral Mãos em Cena. O primeiro espetáculo montado pelo foi “A Pedra do Reino”, de Ariano Suassuna, que o grupo apresenta hoje. A partir de então, a escola começou a perceber o teatro como ferramenta de socialização e expressão política na busca pelos direitos das pessoas com deficiência.

Porém, desde que começaram, um longo caminho precisou ser percorrido. A chegada do diretor Marco Bonachella foi desses momentos delicados. “Não sabia nada de libra (língua de sinais) e no início a comunicação era complicada. Aprendi a linguagem junto com os meninos, minha experiência com a mímica e o teatro me ajudou muito nesse processo”, lembrou Bonachella.

Montar um espetáculo diferenciado também foi um desafio. “Sabemos que a palavra falada é importante para o teatro, mas ela não é o único tipo de expressão artística. Exploramos outros recursos que atendem ao mesmo propósito. Não fazemos um espetáculo de surdos e para surdos, fazemos um espetáculo que atinge todos os públicos. Nossa intenção aqui é agregar”, destaca o diretor.

Mas mesmo com todos os obstáculos o grupo seguiu adiante. De um começo tímido, apenas com os alunos do centro, o grupo passou a receber também os ex-alunos, que hoje já atuam como monitores. Ao todo o grupo conta com um elenco de 33 jovens, com idades que variam entre oito e 20 anos. “Nossa intenção é ajudar esses jovens a se reconhecerem enquanto surdos. Pensar no processo de identidade cultural que esses meninos vão criar. Isso é o que é mais valioso para nós”, completou.

Entre alguns desses jovens está, Paulo Vitor de Lima, de 18 anos. Ex-aluno do Centro, e componente do grupo desde 2006, Paulo Victor se destaca em função da sua paixão pelo teatro. Com a ajuda de uma intérprete de libras, o jovem fez questão de frisar suas pretensões artísticas, que não são poucas”. O teatro me transformou. Sonho em fazer carreira, ser chamado para me apresentar em escolas, fazer novela e até cinema”.
Agora, a Companhia já trabalha na produção do segundo espetáculo do grupo “Andar Sem Parar de Transformar”, que conseguiu incentivo financeiro do Funcultura. “Queremos fazer com que o ‘Mãos em Cena’ tenha uma produção regular. Para isso precisamos conseguir participar de mais editais voltados para cultura. Esbarramos na falsa ideia de que fazemos um projeto social, mas na verdade nossa produção é cultural.

* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 13/08/2009

Festival Estudantil reúne novas gerações do teatro e da dança

Em uma quinta-feira de estreias nos palcos recifenses, hoje (13) também será dada a largada para o IV Festival Estudantil de Teatro e Dança. Dessa vez, a mostra competitiva vai ocupar os teatros do Apolo e do Parque, sendo o primeiro responsável por receber a programação teatral dividida em duas etapas de apresentações: a primeira começa hoje e segue até o dia 19 de agosto; e a segunda etapa acontece entre os dias 26 e 30 de agosto. E o teatro do Parque será palco da mostra de Dança que acontece apenas nos dias 22 e 23 do mesmo mês.

Além do espetáculo “A Pedra do Reino” , da Cia Mãos em Cena, a abertura do evento também vai contar com a apresentação da divertida montagem “Deu Com a Pleura”, da Cia. de Teatro FALAZ, às 20h30, no teatro Apolo.O espetáculo - que tem como madrinha Geninha da Rosa Borges - conta a história de três divertidos personagens de uma cidadezinha afastada que satirizam os costumes exagerados da cidade grande.

A programação do Festival continua durante o final de semana. Amanhã é a vez de “Cadê meu Boi” e “Tartufo”, de grupos de teatro do Cabo e de Jaboatão, respectivamente. No sábado apresentam-se os espetáculos “Brincando, Acharemos a Casa”, “ Um Assunto que Não é Brincadeira” e “A Água, o Rio, Tudo Está por Um Fio”. E no domingo o infantil “Pluft, o Fantasminha”, “A Viagem de um Barquinho” e a comédia popular “O Casamento de Fudência na Cidade de Pipas” encerram a agenda do final de semana. O Festival Estudantil de Teatro e Dança é uma realização do produtor cultural Pedro Portugal, e tem o apoio da Prefeitura do Recife, via Sistema de Incentivo a Cultura (SIC).
* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 13/08/2009

Aria estreia nova temporada de “Três Compassos”

Depois de um breve período longe dos palcos do Recife, o espetáculo “Três Compassos” - produção do projeto Aria Social - Criança, Arte e Vida - começa sua temporada 2009 de apresentações. O grupo, formado por jovens entre 15 e 22 anos que fazem parte do projeto, estreia hoje, às 19h30, no teatro Barreto Júnior.

O espetáculo “Três Compassos” é o resultado de um trabalho de dois anos com jovens de escolas municipais, que tem como via de ação o canto e a dança como instrumentos de transformação. No palco, o coral de 50 vozes apresenta um repertório que vai do sacro ao erudito, passando pelas manifestações populares tão conhecidas da nossa cultura. O repertório atende os gostos mais diversos, trazendo composições de nomes como Edu Lobo, Luiz Gonzaga ,Carmina Burana e até mesmo Vangelis. Com direção geral de Cecília Brennand e coreografias de Ana Emília Freire, Carla Machado e Zdenek Hampl, o espetáculo fica em cartaz todas as quintas-feiras do mês de agosto.

Serviço:
“Três Compassos”
Teatro Barreto Júnior
Todas as quintas-feiras de agosto, às 19h30
Ingressos: R$10 (inteira) e R$5 (meia-entrada)
Telefone: 3232-3054

* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 13/08/2009

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A festa de Móveis Coloniais de Acaju

Pensando em assistir um show da banda Móveis Coloniais de Acaju? Então comece a fazer uma preparação reforçada. Muita água para hidratar, alongamentos e muito, mais muito exercício de resistência. Algum passante desavisado que tenha resolvido entrar no Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda, na noite do último sábado, por um momento deve ter pensado que errou de festa, e entrou num show de axé que acontecia próximo dali. Gente balançando os braços, batendo palma e pulando – literalmente saindo do chão – sem parar um só minuto. Mas passado o primeiro momento de “choque” essa pessoa provavelmente percebeu que o quê se ouvia era bem mais interessante aos ouvidos.
A banda brasiliense não pode, exatamente, ser chamada de nova, já que são mais de dez anos de carreira, dos quais os últimos quatro foram de mais expressão o cenário nacional. Porém, só agora o grupo gravou o segundo CD (C_mpl_ete), e, foi justamente este, o show de lançamento na cidade.
Sob o comando do vocalista André Gonzáles, os meninos da Móveis subiram no palco por volta da uma da manhã, mas nem o avançado da hora, nem o calor, tiraram o ânimo (e o fôlego) da banda.
Começando pelo sucesso do primeiro disco “Seria Rolex?” o grupo engatou a primeira e não parou mais. “Falso Retrato” e “Cheia de Manha” vieram na seqüência, e, antes mesmo que Gonzáles desse boa noite aos fãs que se espremiam no gargarejo, aquele passante desavisado já poderia esboçar um certo cansaço. Mas, para sua surpresa, ainda tinha uma maratona de uma hora de show pela frente.
Com uma batida marcante e uma qualidade nos metais incontestável, a Móveis mostrou porque faz jus ao título de maior promessa da cena de música independente do país. E, como toda boa banda independente, percebeu que é justamente na relação visceral com os fãs que ela encontra seu maior trunfo. Não por acaso, ao som de “Copacabana” parte da banda foi para o chão dançar e pular numa roda aberta no meio da plateia. Também não por acaso, a banda já atingiu a marca de 20 mil discos baixados em seu site. Já no bis, ao som de “Perca Peso” outro título dado a banda se confirma: o de “micareta indie”. Provando que a “Móveis” pode sim fazer um som de qualidade, mas com direito a coreografia.
Quase uma hora depois do fim do show foi a vez da “Eddie” e seu Original Olinda Style subir ao palco para encerrar a noite – dos que ainda tinha fôlego – em um ritmo pouco menos acelerado.