Mais alguns comentários dos curtas exibidos no Cine-Pe 2008:
O Documentário Câmera Viajante, do diretor cearense, Joe Pimentel, também foi um sucesso de público e crítica. O filme conta a história de 4 fotógrafos do interior e, como todo documentário, seu ponto forte são os personagens. Senhores humildes e de senso de humor peculiar, os fotógrafos em questão conquistam pelo carisma. Sensibilidade é a melhor palavra para descrever Câmera Viajante.
Décimo Segundo filme do diretor pernambucano Léo Lacca, foi um curta “polêmico”. O filme dividiu opiniões e a exemplo do que aconteceu na exibição feita no Festival de Brasília, o filme foi vaiado pela platéia que estava no Guararapes, no feriado de primeiro de maio.
A crítica, porém, elogiou o trabalho do diretor e também do ator, Irandhir Santos (protagonista de Amigos de Risco e da série global, A Pedra do Reino). O filme tem uma história mais profunda de ser captada, mas é tecnicamente muito bem feito. Resta saber se o publico recifense vaiou o filme porque não entendeu, ou porque repetiu o comportamento dos brasilienses, estampado dias antes, nos jornais Pernambucanos. Vale dizer que o filme de Lacca foi selecionado para participar do Festival de Berlim.
No último dia da mostra competitiva de curtas, o público ganhou um presentão. Os três filmes da noite foram um verdadeiro sucesso. A começar pela animação Dossiê Rê Bordosa, de César Cabral. O Roteiro super original de César e Leandro Maciel traçou, em formato de “documentário”, a história do assassinato de uma das personagens mais famosas do cartunista Angeli: A Rê Bordosa.
A animação é muito bem montada e reproduz, com riqueza de detalhes, os trejeitos de amigos, e da equipe do desenhista. Inclusive do próprio. O curta fez a platéia reagir do início ao fim com muitas gargalhadas. Favorecido pelo humor ácido e peculiar do já consagrado artista, Angeli, o Dossiê foi sem sombra de dúvidas um dos melhores curtas do Festival. Um excelente filme!
O Curta Café com Leite marcou a estréia atrás das câmeras, do jovem diretor paulista, Daniel Ribeiro. O filme mostra de maneira, delicada e sensível, sem muitos arrudeios, nem máscaras, a relação de dois jovens homossexuais e a maneira como eles reagem a morte dos pais de um deles, que recebe a missão de cuidar do irmão mais novo. A forma natural como o diretor aborda o cotidiano do casal, é o grande diferencial do filme. A platéia pernambucana reagiu às primeiras cenas de carícias do filme, com certo desconforto e gritos efusivos. Mas logo em seguida o público se rendeu a história envolvente do curta, que terminou a exibição sendo bastante aplaudido.
Mas quem, literalmente, ganhou a noite foi Os Filmes que Não Fiz. Filmado em formato de documentário o diretor , Gilberto Scarpa, conta de maneira muito bem humorada seus fracassos profissionais. Protagonista de sua própria “desgraça”, Scarpa conseguiu arrancar boas risadas do público recifense.
O Roteiro e a Montagem, do já premiado Cristiano Abud, ajudam, ainda mais, a dar um bom ritmo ao filme. Os Filmes que Não Fiz Os Filmes que Não Fiz teve sua consagração ao receber a calunga de melhor filme do Cine-PE.
Vale ressaltar que a mostra de curtas foi o verdadeiro destaque desta edição do Cine-Pe. Por alguma razão, a curadoria perdeu a mão na seleção de longas (da mostra competitiva) e colocou na programação filmes que são classificados apenas como medianos.
O resultado foi uma crítica massiva da imprensa especializada, e principalmente do público que lotou o Teatro Guararapes durante todos os dias do Festival. “Venho ao Cine-PE há pelo menos 8 anos, e com certeza os longas já foram muito melhores”, disse a cinéfila confessa, Rafaela Belo.
Como exemplo de filme “estranho” podemos citar Bodas de Papel, do diretor André Sturn. O filme, quase novelesco, foi atacado pela crítica, e mal falado por todos após a exibição, feita no terceiro dia do Festival. Mas por algum motivo, esse mesmo filme, que “quase” foi vaiado, levou o prêmio do júri popular. Coisas de Festival de Cinema, e de uma platéia conhecida por ser condescendente.