Ainda no comecinho do ano, completando a idade de uma doce debutante, o Janeiro de Grande Espetáculos mostrou que passa longe da ingenuidade de uma menina de 15 anos. Na sua 15ª edição, a mostra competitiva corou “Ato”, da companhia Magiluth como o melhor espetáculo e presenteou o público com montagens convidadas de peso, a exemplo da tocante “Alguns Leões Falam”, da Cia. Clara, de Minas Gerais. O alto nível da curadoria - que pecou apenas em deixar a abertura a cargo da mediana “Cantigas do Sol” - comprovou a inquietude por trás da Apacepe em realizar um festival democrático e pertinente.
Em março, o público recifense foi presenteado com um evento que celebrava o aniversário de um dos principais nomes do teatro nacional. A mostra teatral “O Universo Antunes Filho”, marcou os 80 anos de dramaturgo, seus 60 anos de carreira, e os 25 anos de criação do Centro de Pesquisas Teatrais (CPT), trazendo para Cidade clássicos da carreira do diretor, como “Foi Carmen”, “ A Falecida - Vapt Vupt” , e “Prêt-à-porter”.
No mesmo mês, três espetáculos pernambucanos representaram o Estado no Festival de Curitiba, um dos principais festivais de teatro do País. “Fio invisível da minha cabeça”, da Companhia do Ator Nú; “... No Humor Como na Guerra”, da trupe Galpão das Artes; e “Uma viagem através das estrelas” do grupo Ciência Cênica.
Abril marcou o início da corrida pelos ingressos com preços estratosféricos do Cirque Du Soleil, que se apresentaria na Cidade, pela primeira vez, em julho com o espetáculo “Quidam”. Na mesma época, fomos docemente surpreendidos pela montagem Brechtiniana de “A Alma Boa de Setsuan”, com a atriz Denise Fraga.
Muitos espetáculos aportaram por aqui no mês de maio. O período atípico teve direito a decepção dos fãs do balé clássico, com a ausência em cima da hora da bailarina Ana Botafogo na apresentação do Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A inovação da dança contemporânea com “Geraldas e Avencas”. E as excelentes montagens trazidas pelo Festival Sesc Palco Giratório que em sua terceira edição, se firmou como um dos principais Festivais de Artes Cênicas do circuito pernambucano.
No quesito comédia, assistimos a tudo que há de disponível no mercado. Dos “Stand Up Comedys” de quase todos os integrantes do CQC, até os esquetes, popularizados pelo Youtube, dos Melhores do Mundo e da Terça Insana.
Entre os fatos marcantes da cena local, vimos o debut na direção teatral do cineasta Léo Falcão, que nos brindou com a bela montagem do espetáculo “Carícias”. Assistimos também ao terceiro espetáculo montado pela Cia. do Ator Nu, “Encruzilhada Hamlet”, um primor de cenografia e trilha sonora. O teatro de Santa Isabel - um dos principais equipamentos da cidade - passou a ser dirigido pela produtora cultural Simone Figueiredo, e voltou a receber a visitação do público. De triste, perdemos um dos nossos maiores ícones da dança popular, o mestre do frevo, Nascimento do Passo.