domingo, 6 de junho de 2010


A Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) divulgou, em cerimônia realizada na manhã de ontem, no cinema São Luiz, a lista das 50 novas entidades selecionadas para implementação de novos Pontos de Cultura no Estado. Durante o evento, a presidente da Fundarpe, Luciana Azevedo, destacou a ampliação do edital, que a princípio contemplaria 40 projetos, mas em função de uma parceria entre a Fundarpe e o Ministério da Cultura, tornou possível a inclusão de mais dez entidades.

Todos os selecionados receberão uma verba anual de R$60 mil, para desenvolver suas respectivas atividades culturais, durante o período de três anos. Com a divulgação da nova lista de entidades o Estado passa agora a contar com um total de 166 Pontos de Cultura.

Logo após a divulgação do edital, representantes da classe artística pernambucana pediram a palavra e leram um manifesto redigido coletivamente, em apoio à Luciana Azevedo e à Fundarpe, que nas últimas semanas tornaram-se alvo de denúncias de irregularidades por parte da oposição. “Mais do que a defesa de pessoas, esse manifesto tem a intenção de defender a política de cultura do Estado”, disse a produtora cultural Paula de Renor.

Mãe Beth de Oxúm, representante dos terreiros de matriz africana, fez a leitura do ato. “Esse manifesto surgiu em função da necessidade que a cadeia produtiva sentiu de se posicionar. Não podemos permitir que opositores se articulem e tirem proveito do momento eleitoral em detrimento do trabalho que tem sido feito”, destacou. O grupo recolheu assinaturas dos artistas presentes e seguiu em cortejo cultural até a Assembléia, onde entregaram o manifesto aos deputados Tereza Leitão e Sérgio Leite.

* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 05/06/2010

terça-feira, 1 de junho de 2010

A tradição do clássico com o Ballet Imperial da Rússia


Uma das mais tradicionais companhias de Ballet Clássico do mundo chega ao Recife para apresentações hoje e amanhã, no teatro da UFPE. A Folha de Pernambuco conversou com o criador, e atual diretor da companhia, Geminidas Taranda, que falou sobre a turnê do grupo pelo Brasil e também sobre os rumos da dança clássica de um modo geral. Aqui, o grupo apresenta os clássicos “Don Quixote” e “Romeu e Julieta”.

Vocês tiveram, na última apresentação no Recife, o maior público da turnê feita no Brasil. O que guardam de lembranças dessa passagem?

Sem dúvida essa observação sobre a presença do público nos deixa bastante feliz. Recife é uma cidade que tem uma enorme representatividade, pois é o local onde vive nosso empresário. Além disso, gostamos bastante da praia, da comida, e é uma pena que não tenhamos tanto tempo de conhecer melhor os pontos turísticos.

Vindo de um país que tem uma das maiores, se não a maior, tradição em ballet clássico no mundo, como é possível reinventar o gênero e manter o interesse do público?

Acho que o balé clássico está enraizado em nosso país, como o samba e o futebol estão para vocês. Ao longo dos anos temos percebido que se faz necessário algum tipo de reinvenção, porém sem mudar as características principais que um clássico precisa ter.

A ideia de criar uma nova companhia de ballet surgiu enquanto você estava em turnê no Japão, durante a apresentação dos concertos de aniversário de Maija Plisetzkaya, correto? Qual foi a principal motivação para essa empreitada?

Sim, foi no Japão. Eu estou envolvido na dança há muitos anos, fui solista do Balé Bolshoi, e naquele momento senti que precisava repassar meus conhecimentos aos mais novos. Hoje vejo que escolhi um bom caminho, pois a Companhia é um grande sucesso.

Quais os critérios usados na seleção dos bailarinos e do repertório?

Um bom bailarino precisa ter, antes de tudo, disciplina e motivação. É uma vida dura, de muitos ensaios, viagens, então precisa realmente ter em mente que quer aquilo para si. Recebemos os alunos, e aos poucos vamos introduzindo-os nos espetáculos, de acordo com seu crescimento. Com relação aos repertórios, seguimos o padrão normal, montamos os clássicos que todos conhecem e gostam.

Você foi primeiro bailarino do Bolshoi durante mais de uma década (1980 -1993). Qual o peso desse posto, e em que influencia em sua carreira?

O peso traz mais coisas positivas que negativas. A pressão existia, mas sempre tive muito apoio e reconhecimento das pessoas com as quais trabalhava.

Hoje colho alguns frutos desse nome que deixei marcado, mas, se meu trabalho de coreógrafo não for bem feito, as pessoas criticam de forma mais forte, então continuo sempre a ter essa pressão, que até gosto, me faz trabalhar com mais gana.

Quais as maiores vantagens e desvantagens de se apresentar nos palcos brasileiros?

As vantagens são inúmeras: bons teatros, cidades maravilhosas, público que realmente gosta de dança clássica. Eu sempre gostei muito do Brasil, desde quando aqui estive com o Bolshoi. As desvantagens são poucas, mas há sem dúvida a dificuldade de se trabalhar em alguns teatros, a questão dos horários e coisas desagradáveis que às vezes acontecem. Outra coisa é o fato do país ser muito grande, e aí perdemos muito tempo nas viagens.

Serviço

Ballet Imperial da Rússia

Teatro da UFPE - Campus Universitário

Sábado, às 21h - Don Quixote

Domingo, às 19h - Romeu e Julieta

Informações: 3207-5757

* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 28/05/2010