Ainda era cedo quando a Orquestra do Homem da Meia Noite começou a arrastar os primeiros foliões fantasiados pelo pavilhão do Centro de Convenções, na noite do último sábado. Homens-Aranha, Wolverines e Super-homens se misturavam na multidão às fantasias mais inusitadas. Onde mais poderia acontecer um encontro de Axel Rose, Michael Jackson, Freddie Mercury e Slash?
Na sequência, a Orquestra Popular da Bomba do Hemetério e o maestro Forró fizeram todo mundo cair no frevo, com arranjos estilizados que misturam o ritmo com rock, valsa e até jazz. Ao lado do maestro, Fred 04 fez sua primeira aparição da noite (seriam três ao todo), cantando a música “Meu Esquema”, da mundo livre S/A.
Passava da meia noite quando Mart’nália subiu ao palco cantando “Don’t Worry, Be Happy”. Fantasiada de Zorro, a cantora bem que tentou entrar no clima da festa, mas acabou fazendo um show para um público de certa forma disperso, que só vibrou mesmo quando a carioca embalou clássicos do samba, de seu pai, Martinho da Vila, como “Ex Amor” e “Mulheres”. “Vou cantar umas lá de casa”, disparou a cantora, brincando.
Mas a apoteose do baile de debutante da SJ aconteceu mesmo com a entrada da Nação Zumbi. Depois de terem feito um show que frustrou a maioria dos fãs na gravação do DVD em comemoração aos 15 anos do “Da Lama ao Caos”, em dezembro, durante a Feira Música Brasil, a Nação parece ter tido a chance de sua redenção. Fizeram um show com o peso nas alfaias que a ocasião merecia.
Bastou Jorge Du Peixe soltar “Modernizar o passado, é uma evolução musical”, para a multidão se espremer diante do palco. “Banditismo por uma questão de classe” foi só o prelúdio do que estava por vir. A Nação fez um show consistente e tecnicamente perfeito.
* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 08/02/2010