terça-feira, 1 de junho de 2010

A tradição do clássico com o Ballet Imperial da Rússia


Uma das mais tradicionais companhias de Ballet Clássico do mundo chega ao Recife para apresentações hoje e amanhã, no teatro da UFPE. A Folha de Pernambuco conversou com o criador, e atual diretor da companhia, Geminidas Taranda, que falou sobre a turnê do grupo pelo Brasil e também sobre os rumos da dança clássica de um modo geral. Aqui, o grupo apresenta os clássicos “Don Quixote” e “Romeu e Julieta”.

Vocês tiveram, na última apresentação no Recife, o maior público da turnê feita no Brasil. O que guardam de lembranças dessa passagem?

Sem dúvida essa observação sobre a presença do público nos deixa bastante feliz. Recife é uma cidade que tem uma enorme representatividade, pois é o local onde vive nosso empresário. Além disso, gostamos bastante da praia, da comida, e é uma pena que não tenhamos tanto tempo de conhecer melhor os pontos turísticos.

Vindo de um país que tem uma das maiores, se não a maior, tradição em ballet clássico no mundo, como é possível reinventar o gênero e manter o interesse do público?

Acho que o balé clássico está enraizado em nosso país, como o samba e o futebol estão para vocês. Ao longo dos anos temos percebido que se faz necessário algum tipo de reinvenção, porém sem mudar as características principais que um clássico precisa ter.

A ideia de criar uma nova companhia de ballet surgiu enquanto você estava em turnê no Japão, durante a apresentação dos concertos de aniversário de Maija Plisetzkaya, correto? Qual foi a principal motivação para essa empreitada?

Sim, foi no Japão. Eu estou envolvido na dança há muitos anos, fui solista do Balé Bolshoi, e naquele momento senti que precisava repassar meus conhecimentos aos mais novos. Hoje vejo que escolhi um bom caminho, pois a Companhia é um grande sucesso.

Quais os critérios usados na seleção dos bailarinos e do repertório?

Um bom bailarino precisa ter, antes de tudo, disciplina e motivação. É uma vida dura, de muitos ensaios, viagens, então precisa realmente ter em mente que quer aquilo para si. Recebemos os alunos, e aos poucos vamos introduzindo-os nos espetáculos, de acordo com seu crescimento. Com relação aos repertórios, seguimos o padrão normal, montamos os clássicos que todos conhecem e gostam.

Você foi primeiro bailarino do Bolshoi durante mais de uma década (1980 -1993). Qual o peso desse posto, e em que influencia em sua carreira?

O peso traz mais coisas positivas que negativas. A pressão existia, mas sempre tive muito apoio e reconhecimento das pessoas com as quais trabalhava.

Hoje colho alguns frutos desse nome que deixei marcado, mas, se meu trabalho de coreógrafo não for bem feito, as pessoas criticam de forma mais forte, então continuo sempre a ter essa pressão, que até gosto, me faz trabalhar com mais gana.

Quais as maiores vantagens e desvantagens de se apresentar nos palcos brasileiros?

As vantagens são inúmeras: bons teatros, cidades maravilhosas, público que realmente gosta de dança clássica. Eu sempre gostei muito do Brasil, desde quando aqui estive com o Bolshoi. As desvantagens são poucas, mas há sem dúvida a dificuldade de se trabalhar em alguns teatros, a questão dos horários e coisas desagradáveis que às vezes acontecem. Outra coisa é o fato do país ser muito grande, e aí perdemos muito tempo nas viagens.

Serviço

Ballet Imperial da Rússia

Teatro da UFPE - Campus Universitário

Sábado, às 21h - Don Quixote

Domingo, às 19h - Romeu e Julieta

Informações: 3207-5757

* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 28/05/2010

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