Na verdade, a nova versão do espetáculo é um desdobramento da peça original. Torloni e Possi, parceiros desde a primeira montagem (Ela fazendo a mulher de Raul Cortez - “O Lobo de Ray-Ban”, e ele já na direção), resolveram criar a versão feminina daquele personagem que se tornou tão emblemático na história do teatro nacional. Daquele tempo, também trouxeram Leonardo Dantas, que na época vivia o jovem ator com quem Cortez se relacionava, hoje interpretando o marido de Torloni. Para mudar o gênero desse triângulo, Maria Maya é agora, a amante de Torloni.
“A peça evoluiu. Hoje, 22 anos depois, a Julia virou a Loba de Ray -Ban. Vivendo todos os desafios existenciais de uma mulher de 50 anos que se vê às voltas com duas separações”, explica Torloni, em entrevista por telefone. E é justamente em torno desse momento de ruptura e descontrole que a história de Julia se desenrola. Os três personagens, que são atores, confundem a plateia, ora encenando, ora vivendo os dilemas de suas vidas. Assim, revelando os meandros que acontecem por entre cochias e camarins. “O público tem esse olhar de BBB, de querer ver no buraco da fechadura o que acontece nos bastidores. Quando você tem um espetáculo que usa o artista como pano de fundo, isso fica ainda melhor. Além de que, a paixão e a traição sempre fazem subir a temperatura”, brincou a atriz.
Apesar do mote de um triângulo amoroso à primeira vista poder soar como um “clichê”, os nuances das personagens, o conflito, a bissexualidade e outros infinitos aspectos, transformam o texto de Borghi num clássico ao melhor estilo teatrão. “O triângulo é algo eterno. Ele vem desde a bíblia. Mas nessa história cada personagem é uma exceção. Eles podem usar várias máscaras no palco, mas têm a coragem maior de tirar as máscaras da vida”, destacou o diretor. Para em seguida completar: “Uma peça que fala de um tema tão universal, tem sempre uma nova forma de interpretação. A percepção muda. A leitura muda. Quem vê percebe que é totalmente diferente, mas sabe que o conteúdo ainda está ali”.
Serviço
“A Loba de Ray-Ban”
Teatro da UFPE - Av. dos Reitores
Amanhã (22), às 21h, e Domingo (23), às 20h
Ingressos: R$ 100 (platéia) e R$ 80 (balcão), estudantes pagam meia
* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 21/05/2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário