domingo, 23 de maio de 2010

Era Lobo, agora é Loba


Poucas semanas foram tão movimentadas nos palcos da cidade. Simultaneamente, acontecem as programações do Palco Giratório, da Semana Comemorativa dos 160 anos do teatro de Santa Isabel, e a pauta de alguns teatros, como o da UFPE, ainda segue normal. Amanhã e domingo, quem também entra no roteiro teatral do final de semana é a atriz Christiane Torloni, com o espetáculo “A Loba de Ray-Ban” - montagem que fez grande sucesso na década de 1980, com texto de Renato Borghi e direção de José Possi Neto.

Na verdade, a nova versão do espetáculo é um desdobramento da peça original. Torloni e Possi, parceiros desde a primeira montagem (Ela fazendo a mulher de Raul Cortez - “O Lobo de Ray-Ban”, e ele já na direção), resolveram criar a versão feminina daquele personagem que se tornou tão emblemático na história do teatro nacional. Daquele tempo, também trouxeram Leonardo Dantas, que na época vivia o jovem ator com quem Cortez se relacionava, hoje interpretando o marido de Torloni. Para mudar o gênero desse triângulo, Maria Maya é agora, a amante de Torloni.

“A peça evoluiu. Hoje, 22 anos depois, a Julia virou a Loba de Ray -Ban. Vivendo todos os desafios existenciais de uma mulher de 50 anos que se vê às voltas com duas separações”, explica Torloni, em entrevista por telefone. E é justamente em torno desse momento de ruptura e descontrole que a história de Julia se desenrola. Os três personagens, que são atores, confundem a plateia, ora encenando, ora vivendo os dilemas de suas vidas. Assim, revelando os meandros que acontecem por entre cochias e camarins. “O público tem esse olhar de BBB, de querer ver no buraco da fechadura o que acontece nos bastidores. Quando você tem um espetáculo que usa o artista como pano de fundo, isso fica ainda melhor. Além de que, a paixão e a traição sempre fazem subir a temperatura”, brincou a atriz.

Apesar do mote de um triângulo amoroso à primeira vista poder soar como um “clichê”, os nuances das personagens, o conflito, a bissexualidade e outros infinitos aspectos, transformam o texto de Borghi num clássico ao melhor estilo teatrão. “O triângulo é algo eterno. Ele vem desde a bíblia. Mas nessa história cada personagem é uma exceção. Eles podem usar várias máscaras no palco, mas têm a coragem maior de tirar as máscaras da vida”, destacou o diretor. Para em seguida completar: “Uma peça que fala de um tema tão universal, tem sempre uma nova forma de interpretação. A percepção muda. A leitura muda. Quem vê percebe que é totalmente diferente, mas sabe que o conteúdo ainda está ali”.

Serviço

“A Loba de Ray-Ban”

Teatro da UFPE - Av. dos Reitores

Amanhã (22), às 21h, e Domingo (23), às 20h

Ingressos: R$ 100 (platéia) e R$ 80 (balcão), estudantes pagam meia

Informações: 3207.5757

* A matéria foi publicada no caderno "Programa" da Folha de Pernambuco de 21/05/2010

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